Quando conheci o Jonas fizemos uma amizade muito grande. Digo isso, pois até hoje conversamos e trocamos impressões sobre as nossas vidas. Certo que estamos distantes, mas com o advento da Internet, ficou extremamente fácil mantermos contato com as pessoas de quem gostamos.
Nossa amizade era muito boa. Passávamos grande parte do dia juntos. Estudávamos no mesmo colégio, morávamos próximos (prédios vizinhos) e conseqüentemente éramos unidos.
É até engraçado, pois quando nos conhecemos, eu vivia protegendo-o (tal como em um episódio que contarei) e hoje, ele é bem maior do que eu (capoerista, etc...).
Um certo dia, quando caminhávamos próximos de casa, o Jonas foi atingido por um cuspe. Indignado, ficou a procurar quem seria o autor daquele ultraje e acabou vendo um rapaz na janela do 3º andar do prédio por onde passávamos. Foi uma revolta. Eu achei até um tanto quanto engraçado, mas ele ficou revoltado. Muito bravo mesmo. Mas, fazer o que? O fato já tinha acontecido e o rapaz não estava disposto a descer para “conversar” conosco.
Alguns dias depois, estávamos na padaria (que não ficava tão perto assim de casa) comprando sorvete. Naquela época a Kibon fabricava uma barra de meio litro de sorvete que vinha em uma embalagem tipo “papelão”. A gente vivia tomando aquela delícia. Era a medida ideal para nós dois. Quando voltávamos para casa, encontramos nosso amigo do cuspe descendo a avenida. Que grata surpresa.
O Jonas, como sempre, já foi logo tirando satisfação com o rapaz. Eu que tinha ficado um pouco para trás, ia tomando meu sorvete. O fato é que o rapaz não se intimidou diante das reclamações do Jonas, querendo inclusive partir para a briga. Sendo assim, me pus a defender meu amigo.
Chegando perto dos dois, perguntei como se não fosse comigo, o que estava acontecendo. O rapaz, um tanto quanto agitado, disse que eu não tinha nada a ver com a história. Pensei comigo: como não? Perguntei-lhe se ele lembrava que eu estava junto do Jonas no dia em que ele o atingiu com o cuspe? Que eu poderia ter sido a “vítima”. Naquele instante a briga já era minha.
Como eu estava tomando sorvete, perguntei ao rapaz se ele não queria um pouco para “acalmar”. Diante da negativa dele, disse que eu gostaria que ele aceitasse. Como ele continuava se recusando, e eu insistindo, acabei por esfregar aquela barra de sorvete pela sua cara a fora. Na verdade foi na cara, no cabelo, e onde quer que ele tenha sido atingido.
Não foi bem uma briga aquele dia. Dei apenas uns pontapés na bunda do rapaz e lhe disse que era para ele passar bem longe de nós dois quando nos visse pela rua. Eu adorava uma confusão.
Como eu sempre me metia em encrenca, há bastante tempo tinha convencido minha mãe a me colocar no Kung-Fu, de forma que eu sabia me defender muito bem (ou pelo menos achava isso).
O hilário da situação é que uns dois anos depois vim a morar no mesmo edifício daquele rapaz. Inclusive cheguei a freqüentar sua casa em algumas ocasiões. Não nos tornamos amigos, mas percebi que ele não era má pessoa como pensava. Talvez aquele cuspe nem tenha sido tão intencional assim. Acho que eu é que gostava de implicar com os outros.
O mundo, como dizem por aí dá voltas. Sendo assim vou ficando por aqui esperando que minha casa passe por mim...
Um abraço a todos.
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