terça-feira, 7 de agosto de 2007

Baseball

Meus anos no colégio Pitágoras, como disse aqui anteriormente, foram dos mais conturbados. Desde a sexta série (era assim que se chamava naquela época) que meus pais tinham que comparecer anualmente ao colégio para assinar um termo de compromisso dizendo que eu me comportaria de acordo com um padrão estabelecido nas normas escolares. Não é a toa que na oitava série fui convidado a me retirar para estudar em outro estabelecimento de ensino.

Essa história de termo de compromisso, se bem me recordo, começou quando eu tinha 11 anos. Acabávamos de mudar de “setor” dentro da escola e tudo era novo para nós. A minha turma era a 5ª A. Basicamente fomos todos transferidos para mesma sala. Só que agora não estávamos mais no primeiro andar do Pitágoras.

Naqueles dias as brincadeiras como pique pega, pique esconde, dentre outras, já nos pareciam infantil demais. O futebol que jogávamos todos os dias pela manhã e após a aula ficou para trás. As quadras já não podiam ser utilizadas fora do horário de educação física. Isso tudo, para um portador de TDAH, foi mais frustrante ainda, vez que a atividade física é essencial para dissipar a Hiperatividade.

Sem ter muito que fazer quando chegava na escola, sempre procurava algo de diferente para me distrair. Podia ser o que for. Na verdade não. Tem determinadas coisas que não devemos nos deparar com elas. Eis que lhes conto uma delas.

Certo dia encontrei caído, no parapeito da janela da sala, um vidro que havia se descolado da mesma. Curiosidade de menino me levou a brincar com aquele pedaço de vidro. Ele devia ter uns 60 cm de comprimento por uns 20 cm de largura. O bastante para que eu o imaginasse como um bastão de Baseball. Bastão de Baseball? Um pedaço de vidro? Exatamente. Boa coisa não podia sair dali.

Pedi para um colega de sala que pegasse pedaços de giz, que ficavam no quadro negro, e os jogasse para mim para que assim eu os rebatesse. Foram um, dois, três pedaços. No quarto veio a tragédia. Eu não podia imaginar que aquilo aconteceria. Será mesmo?

Ao tentar rebater o quarto pedaço de giz, o vidro se espatifou voando pedaço para todos os lados. Para minha infelicidade, como sempre, um desses pedaços foi parar na cabeça de uma garota da sala. O nome dela é (ou era) Elisa. Fiquei atordoado com aquela imagem. Ela ali parada com um pedaço de vidro preso na cabeça. Reação óbvia foi a de retirar o vidro de sua cabeça o que, logicamente, fez escorrer bastante sangue. Engraçado como a cabeça, apesar de “dura”, ter tanto sangue assim (risos).

Corremos para a enfermaria da escola para que fosse feito um curativo na cabeça dela. Mais tarde, quando as coisas já haviam esfriado, fui parar na sala do vice-diretor (como se tornou costume a partir daquele dia) e levei a minha primeira suspensão no colégio. No início você se assusta, mas acaba acostumando (estou brincando). Mas essa foi a minha realidade daquele dia em diante. Foram ocorrências atrás de ocorrências e essas sucedidas de suspensões. Isso tudo culminou na minha saída do Pitágoras. Mais para frente contarei outros episódios que aconteceram naquela instituição.


Um abraço a todos.

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