quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

Imperfeições

Desde novo aprendi que quanto mais nos aproximamos da claridade, da luz, melhor conseguimos enxergar. A visão se torna mais clara, principalmente das “sujeiras” e imperfeições do nosso eu.

Um bom exemplo que gosto de usar, é o de Paulo, apóstolo de Jesus. Em sua vida dedicada a Cristo, Paulo, que antes de se entregar a Cristo era um grande conhecedor da palavra de Deus, teve experiências únicas que lhe trouxeram durante sua vida, clareza acerca de sua pessoa.

Logo no início, pouco depois de seu contato com Cristo, Paulo diz em I Coríntios: “Pois eu sou o menor dos Apóstolos, que mesmo não sou digno de ser chamado apóstolo, porque persegui a igreja de Deus”. Nesse momento nos parece uma declaração muito bonita de Paulo, na qual ele se considera o menor dos apóstolos.

Ao caminhar mais ao lado de Cristo, Paulo se aproxima da Luz e consequentemente, percebe imperfeições em seu ser, eu suas atitudes, em sua vida. Já quando escreve aos irmãos que estão em Éfeso: “A mim, o menor de todos os santos, me foi dada esta graça de anunciar entre os gentios, por meio do evangelho, as riquezas insondáveis de Cristo”. A proximidade de Cristo, e de Sua Luz, traz a Paulo maior conhecimento ainda de sua pequenez diante do Mestre, diante da obra de Jesus. Aqui, Paulo já não se diz mais o menor dos apóstolos, e sim o menor de todos os santos, que, certamente, eram bem mais do que aqueles que seguiam a Cristo (os 12). A humildade transparece em seu ser. Fica visível o quanto ele se diminui em prol do amor de Cristo e da pessoa de Jesus. Paulo visava o propósito de Deus na vida dos homens. O seu eu já diminuía de tamanho.

Já perto de sua morte, Paulo escreve uma carta a Timóteo. Nela está descrito o sentimento de Paulo diante de tamanha proximidade de Cristo. Aqui, nesse momento, a Luz de Jesus, já lhe mostra claramente todas as suas imperfeições, todos os seus defeitos. Demonstra o quão pequeno ele é diante de Jesus. E é nesse momento que Paulo dá a sua maior demonstração de humildade e de abnegação pelas coisas do Senhor. À Timóteo ele escreve: “Fiel é esta palavra e digna de toda a aceitação; que Cristo Jesus veio ao mundo para salvar os pecadores, dos quais sou eu o principal; mas por isso alcancei misericórdia, para que em mim, o principal, Cristo Jesus mostrasse toda a sua longanimidade, a fim de que eu servisse de exemplo aos que haviam de crer nele para a vida eterna.” Vemos Paulo, um dos principais nomes da Bíblia, o responsável pelo evangelho pregado a nós, gentios, se auto denominar “dos pecadores o principal”. Ele já não conseguia deixar de ver o quão impuro era diante de Jesus, diante do Amor do Senhor. Amor esse que o fez levar a palavra de Deus a muitos dos que necessitavam dela.

O texto acima é bem “religioso” por assim dizer. Todavia não posso deixar de trazê-lo à luz de nossas vidas cotidianas. Já venho falando acerca da proximidade das pessoas. Esse princípio funciona tão bem quanto, nas relações sociais do dia a dia.

Quando conhecemos determinada pessoa, temos aquela primeira impressão. Provavelmente, sendo ela do nosso interesse, elas serão as melhores. Algo do tipo: fulano e “bacaba”, “gente boa”, “legal”, “bonito”, etc, etc. Quando nos permitimos uma maior proximidade com nosso par, veremos que certas imperfeições se manifestarão na relação. Algumas coisas pequenas talvez, mas que não passam despercebidas. Caso o relacionamento se adiante, e se torne, quer seja uma amizade, um namoro, um relacionamento profissional, uma sociedade, um casamento. Nesse momento, é hora de vermos exatamente com quem nos relacionamos. É nesse instante que veremos o “principal” de nosso parceiro. E aí que vem a parte essencial da “coisa”. Apenas o amor, a bondade, a benevolência, a benignidade tornarão essa relação duradoura. Acredito ser esse o único caminho para que o relacionamento se torne saudável e “eterno” (enquanto dure). A sinceridade de aceitar todas as “mazelas” do próximo e esperar dele a mesma atitude em relação a nós.

Muitas coisas podem nos parecer perfeitas à primeira vista, mas com o passar dos anos, percebemos que existem bem mais defeitos do que imaginávamos. Mas nada que o amor, a compreensão, o carinho e a amizade não possam superar.

Pensem nisso.

Um abraço a todos.

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