Contabilizando as memórias de um portador de TDAH (Transtorno de déficit de atenção e hiperatividade). Contabilizando os problemas do dia a dia. Contabilizando os lançamentos contábeis (risos). Contabilizando os erros cometidos. Contabilizando o dia a dia. Enfim, contabilizando...
Ouvi perto dos meus 23 anos, que todo ser humano trata o seu amor tal como se uma rosa fosse. Exatamente. Uma rosa. Já quando jovens, resolvemos plantar essa rosa em algum tipo de vaso, visto que para sobreviver, julgamos ser necessário colocá-la em um recipiente adequado. Tal atitude parece ser sensata. A pergunta é: existe um melhor vaso, aquele mais excepcional para colocarmos nossa rosa?
É usual começarmos um relacionamento amoroso quando ainda adolescentes. Os hormônios já fizeram boa parte do seu papel e a sexualidade do ser humano está à “flor da pele”. Automaticamente, escolhemos um vaso, que julgamos apropriado, e lá depositamos nossa querida rosa, nosso amor inabalável.
Com o tempo, tal como toda planta que se preze, nossa rosa cria raízes. Nada mais normal do que isso. Estamos falando de questões básicas como sustentação, fonte de alimento, proteção. Até esse determinado momento, tudo parece normal, adequado ao padrão do amor.
Passados alguns anos, alguns problemas podem ser detectados. Vou me deter em alguns dos que julgo se encaixarem melhor a esse texto. Uma das dificuldades que nossa rosa pode enfrentar no decorrer dos anos, diz respeito ao dono do vaso, que, por sua única e exclusiva vontade, resolve retirar o vaso (com a rosa) de frente da janela. Ele acredita que a rosa já teve todo sol, toda iluminação, todo contato com o ambiente externo, já foi vista e admirada o suficiente. Dessa forma, guarda-o dentro de um quarto, no qual nem uma brisa sequer pode ser sentida. O amor fica isolado, sozinho.
Outro problema encontrado é o excesso de zelo. O dono do vaso, sem entender muito acerca do cultivo de rosas, coloca sempre mais adubo do que o necessário; rega mais a rosa do que sua terra precisa. Podas desnecessárias são feitas a todo instante. O amor se sente sufocado, praticamente afogado em meio a tanta água...
Os dois exemplos que citei são apenas para ilustrar o que acontece nos relacionamentos. Existem casos em que o dono do vaso – e vejam bem o que estou dizendo: a pessoa é dona apenas do vaso, e não da rosa – se sente proprietário daquele amor. Ele entende poder fazer o que quiser com seu vaso, que a rosa obrigatoriamente vai ter que aceitá-lo. É o caso do isolamento. Relacionamentos que tornam o amor doente, murcho, isolado de tudo e de todos, em completa solidão. Em outros casos, o dono do vaso praticamente mata o amor pelo excesso. São cuidados demais, ciúmes demais, ligações demais, cartas (hoje em dia e-mails) em demasia. O amor sufoca, perde a respiração.
Esses são casos de relacionamentos doentios. Em que os pares se sentem donos da rosa, do amor do outro, sendo que na verdade, são apenas vasos, compartimentos nos quais se deposita o amor. Todavia, o grande problema aqui é que o verdadeiro dono da rosa, uma vez ela instalada em um vaso qualquer, sente medo e às vezes desespero com o simples pensamento de que deveria pensar em trocar a sua rosa de vaso. Não são poucas às vezes em que o vaso já não comporta mais o nosso amor. Ou está pequeno demais, ou com qualquer tipo de inadequação. E o medo, faz com que as pessoas vivam “presas” por anos a fio, quiçá uma vida inteira. Você pode me perguntar qual seria então o melhor vaso, o ideal. A minha resposta é um pouco mais complicada. Vou lhe dizer que a melhor opção é plantar a sua rosa em um jardim. Em um local amplo e espaçoso, com outras flores juntas, com o tratamento adequado, com água em quantidade suficiente, bem como os nutrientes. E como encontrar um jardim? Bom, para mim, o jardim representa primeiramente amar a si mesmo. A partir daí temos o amor da família, dos amigos, dos parentes, dos filhos (no caso de quem tem filhos). O jardim significa a diversificação do nosso “amar”. É dar sentido maior a ele, de maneira que não necessitaremos mais estar presos em um vaso apenas, longe da possibilidade de compartilharmos o nosso coração. Quanto ao “amor da sua vida”, se ele(a) realmente te ama, vai valorizar, e muito, essa sua atitude, esse seu comportamento.
Para que ficarmos presos a um vaso, se podemos viver em um jardim?
"Sempre coloco mais do que o pote comporta. Excesso econômico. A água sai pelo ladrão tenho dentro de mim uma confusão de diques desarranjo da engenharia, pesos e medidas, projeto inacabado, o limite do aquário."
Retirado do livro - "O Limite do Aquário" de Alicia Maria.
Desde novo aprendi que quanto mais nos aproximamos da claridade, da luz, melhor conseguimos enxergar. A visão se torna mais clara, principalmente das “sujeiras” e imperfeições do nosso eu.
Um bom exemplo que gosto de usar, é o de Paulo, apóstolo de Jesus. Em sua vida dedicada a Cristo, Paulo, que antes de se entregar a Cristo era um grande conhecedor da palavra de Deus, teve experiências únicas que lhe trouxeram durante sua vida, clareza acerca de sua pessoa.
Logo no início, pouco depois de seu contato com Cristo, Paulo diz em I Coríntios: “Pois eu sou o menor dos Apóstolos, que mesmo não sou digno de ser chamado apóstolo, porque persegui a igreja de Deus”. Nesse momento nos parece uma declaração muito bonita de Paulo, na qual ele se considera o menor dos apóstolos.
Ao caminhar mais ao lado de Cristo, Paulo se aproxima da Luz e consequentemente, percebe imperfeições em seu ser, eu suas atitudes, em sua vida. Já quando escreve aos irmãos que estão em Éfeso: “A mim, o menor de todos os santos, me foi dada esta graça de anunciar entre os gentios, por meio do evangelho, as riquezas insondáveis de Cristo”. A proximidade de Cristo, e de Sua Luz, traz a Paulo maior conhecimento ainda de sua pequenez diante do Mestre, diante da obra de Jesus. Aqui, Paulo já não se diz mais o menor dos apóstolos, e sim o menor de todos os santos, que, certamente, eram bem mais do que aqueles que seguiam a Cristo (os 12). A humildade transparece em seu ser. Fica visível o quanto ele se diminui em prol do amor de Cristo e da pessoa de Jesus. Paulo visava o propósito de Deus na vida dos homens. O seu eu já diminuía de tamanho.
Já perto de sua morte, Paulo escreve uma carta a Timóteo. Nela está descrito o sentimento de Paulo diante de tamanha proximidade de Cristo. Aqui, nesse momento, a Luz de Jesus, já lhe mostra claramente todas as suas imperfeições, todos os seus defeitos. Demonstra o quão pequeno ele é diante de Jesus. E é nesse momento que Paulo dá a sua maior demonstração de humildade e de abnegação pelas coisas do Senhor. À Timóteo ele escreve: “Fiel é esta palavra e digna de toda a aceitação; que Cristo Jesus veio ao mundo para salvar os pecadores, dos quais sou eu o principal; mas por isso alcancei misericórdia, para que em mim, o principal, Cristo Jesus mostrasse toda a sua longanimidade, a fim de que eu servisse de exemplo aos que haviam de crer nele para a vida eterna.” Vemos Paulo, um dos principais nomes da Bíblia, o responsável pelo evangelho pregado a nós, gentios, se auto denominar “dos pecadores o principal”. Ele já não conseguia deixar de ver o quão impuro era diante de Jesus, diante do Amor do Senhor. Amor esse que o fez levar a palavra de Deus a muitos dos que necessitavam dela.
O texto acima é bem “religioso” por assim dizer. Todavia não posso deixar de trazê-lo à luz de nossas vidas cotidianas. Já venho falando acerca da proximidade das pessoas. Esse princípio funciona tão bem quanto, nas relações sociais do dia a dia.
Quando conhecemos determinada pessoa, temos aquela primeira impressão. Provavelmente, sendo ela do nosso interesse, elas serão as melhores. Algo do tipo: fulano e “bacaba”, “gente boa”, “legal”, “bonito”, etc, etc. Quando nos permitimos uma maior proximidade com nosso par, veremos que certas imperfeições se manifestarão na relação. Algumas coisas pequenas talvez, mas que não passam despercebidas. Caso o relacionamento se adiante, e se torne, quer seja uma amizade, um namoro, um relacionamento profissional, uma sociedade, um casamento. Nesse momento, é hora de vermos exatamente com quem nos relacionamos. É nesse instante que veremos o “principal” de nosso parceiro. E aí que vem a parte essencial da “coisa”. Apenas o amor, a bondade, a benevolência, a benignidade tornarão essa relação duradoura. Acredito ser esse o único caminho para que o relacionamento se torne saudável e “eterno” (enquanto dure). A sinceridade de aceitar todas as “mazelas” do próximo e esperar dele a mesma atitude em relação a nós.
Muitas coisas podem nos parecer perfeitas à primeira vista, mas com o passar dos anos, percebemos que existem bem mais defeitos do que imaginávamos. Mas nada que o amor, a compreensão, o carinho e a amizade não possam superar.
Nesse Natal fui presenteado com um livro que há algum tempo estava querendo. “Mentes Inquietas – TDAH: Desatenção, Hiperatividade e Impulsividade”, escrito por Ana Beatriz Barbosa (médica psiquiatra). Esse é um livro que traz uma luz diferenciada sobre o assunto. Estou gostando tanto que vou compartilhar algumas partes dele aqui no Blog. Na verdade, como sempre, serão comentários sobre o assunto, pincelados por partes do livro.
“No entanto, o que se vê, na maioria absoluta dos TDAs, é que, em sua essência, eles têm um profundo amor à vida” (página 25 do livro – vocês não me verão aqui fazendo referências tal como se fosse uma dissertação de mestrado – sinto muito).
Conforme a autora, apesar de manifestar a sua impulsividade de diversas formas, dentre elas: agressividade, descontrole alimentar, uso de drogas, gastos demasiados, compulsão por jogos, tagarelice incontrolável, é totalmente possível e positivo o portador do TDAH direcionar seus impulsos para coisas positivas, tais como esportes e artes. E essa é uma questão às vezes de vida ou morte.
É característica do “TDAH” gastar seu tempo em busca de emoções. Essas podem ser as mais diversas possíveis. Eu mesmo gosto de adrenalina. Quem me conhece sabe bem. Quando mais novo, era totalmente viciado em jogos eletrônicos e na prática esportiva. Já fiquei 24 horas ligado na frente de um computador, por conta de jogos. Nas Olimpíadas colegiais, queria participar de todas as modalidades... Hoje, nem ouso chegar perto de um Playstation, ou XBOX que seja. Prefiro resistir às tentações. Até me lesionar no ombro, o tênis era minha redenção. Aos poucos estou retornando. Emagrecer me fez um bem enorme!
Bom, tudo para nós é intenso. Projetos, amores, aventuras. A autora do livro ressalta bem que não procuramos a morte, mas ao querer viver ao máximo, podemos chegar bem perto dela! A quem nos conhece cabe ratificar a expressão de que “para nós, tudo é MUITO”. “Muita dor, muita alegria, muito prazer, muita fé, muito desespero” (página 26).
Bom saber que, se estamos bem direcionados (tal como me sinto hoje), é possível viver de uma forma maravilhosa.
E, mais uma vez pegando carona na autora do livro (que por sua vez pegou carona em Guilherme Arantes):
“... Eu vivo sempre no mundo da lua
Tenho alma de artista sou um gênio
sonhador e romântico
Eu vivo sempre no mundo da lua
Porque sou um aventureiro
desde o meu primeiro passo
no infinito
Eu vivo sempre no mundo da lua
Porque sou inteligente
se você quer vir com a gente
venha que será um barato
Pega carona nesta cauda de cometa
ver via láctea
estrada tão bonita
Brincar de esconde-esconde
numa nebulosa
voltar pra casa
em um lindo balão azul...”
Guilherme Arantes – Lindo Balão Azul.
Ps.: Não confundam o TDAH com genialidade ou inteligência. Esses são apenas alguns traços que foram identificados em alguns portadores do transtorno... a música é mais para dizer que vivemos NO MUNDO DA LUA, e que se você quiser vir com a gente, venha que será um barato!
Esse é mais um bom filme que vi recentemente. Bom no sentido das lições que nos são passadas, a nós, que vivemos trancafiados em nosso próprio mundo, isolados da realidade que nos cerca.
Esse é um filme com John Cusack, no qual ele representa um escritor de sucesso, que utilizou sua capacidade criativa, sua imaginação, para "chegar lá", como alguns de nós diríamos. Esse é um filme que trata sobre a exclusão daqueles que são considerados problemáticos; que vivem trancafiados em um mundo de fantasias.
O protagonista, já adulto, resolve adotar uma criança, que tal como ele quando criança, vive num mundo de fantasias, considerando-se um alienígena, mais especificamente um marciano. Esse garoto vive preso ao seu mundo imaginário, não se permitindo uma boa convivência com os demais indivíduos que vivem ao seu redor. Nosso garoto realmente acredita ser um marciano em missão de exploração na terra. John Cusack passa o filme inteiro tentando provar seu amor de "pai" para com o garoto, vivendo as mais diversas situações, na busca de conquistar o amor daquela criança.
O desfecho do filme se dá no momento em que o garoto resolve fugir de casa, acreditando que os marcianos estão a caminho para buscá-lo. Quando o pai encontra o garoto, ambos mantêm um longo diálogo "dependurados" em um observatório (se não me engano). Durante essa conversa podemos retirar a lição do filme. A força da redenção do amor e o sentido da palavra "família".
Ademais, antes do apagar das luzes, o narrador nos diz que devemos realmente encarar as nossas crianças como sendo "marcianos", pois quando vêem ao mundo, não conhecem nada dele, nem tampouco das pessoas que estão ao seu redor. Portanto é extremamente necessário demonstrar amor a elas, bem como fortalecer os laços de família com as mesmas, retirando-lhes todo o mesmo do convívio.
Sou capaz de extrapolar um pouco a moral do filme e dizer que essa situação acontece com qualquer um que "entra" em nossas vidas. Eles não conhecem nada a nosso respeito, são como "marcianos", e como tais, necessitam de orientação em relação a como se relacionar conosco. Não existe fórmula pronta para esse convívio. Precisamos guiá-los. Precisamos demonstrar amor, respeito e ter certo sentimento de família para com eles. Se assim procedermos, as barreiras das "raças", "cores", "espécies", serão facilmente quebradas.
Mas infelizmente não é isso que encontramos por aí. Antes pelo contrário. Em muitos dos casos a situação é totalmente inversa, encontramos pessoas que se fecham mais ainda ao perceberem que alguém se aproxima. Tal como se fosse um intruso querendo dominar nosso "mundo", e não apenas fazer parte dele, compartilhando experiências visando o crescimento mútuo, preferencialmente em amor, e amizade.
Um abraço a todos.
Ps.: A tradução do nome do filme é horrorosa, como a maioria das traduções aqui no Brasil!
São muitos os significados e definições pessoais para a palavra "felicidade." Sorrir, sentir-se amado, sentir a brisa do mar, sentir-se como criança, ganhar na “megasena”, ter amigos, ser um amigo, superar barreiras, ter uma família, viver.
Felicidade é...
Não tenho a melhor definição para felicidade. Em cada momento de nossas vidas, um fato, um acontecimento, uma realização, se tornam o melhor exemplo do que é felicidade. Entretanto, na maioria das vezes, podemos nos recordar de momentos em que éramos crianças, e tínhamos a felicidade em nossas mãos. Não sei se é pelo fato da vida nos cobrar tão pouco quando somos pequenos, de sermos tão inocentes nessa fase da vida, ou se é tão somente por não sabermos e nem procurarmos o significado de felicidade.
A pouco menos de três anos meu conceito de felicidade sofreu um ajuste. Quando do nascimento da Isabella acredito que me tornei uma pessoa mais feliz. Minha pequena trouxe mais sentido à minha vida. Encontrei nela muito daquilo que andava procurando há tempos: uma parte de mim.
Minha mãe cansa de me dizer que enxerga muito do pequeno Leo na Isabella. Nesse Natal ela me disse que se sentia na obrigação de auxiliar-me na educação de minha filha, por ver nela muito do que viu em mim há tempos atrás. Dona Neide se sente um tanto quanto culpada por não ter conhecimento acerca do TDAH quando eu era criança. Ela se cobra muito por não ter me auxiliado a superar dificuldades que um "TDAH" tem, e utilizado todo o potencial que via em mim. Em contrapartida, não me canso também de dizer a ela que tudo bem. Sem problemas. A vida é assim mesmo. Não foi culpa dela, nem de ninguém. Eu mesmo digo que passei a me conhecer melhor há pouco tempo. Isabella estava a caminho. Eu precisava estar preparado para o que poderia encontrar nela. Agradeço a Deus todos os dias por ter tido esse “tempo” extra para me conhecer e aceitar que tive dificuldades e que era hora de superar alguns traumas. Minha filhinha precisa de mim. Precisa de um pai estável e com capacidade de auxiliá-la em tudo que precisar. De deixá-la livre para usar toda a sua capacidade intelectual (que vejo ser, provavelmente, até maior que a do seu pai). Hoje não me foco tanto mais em mim. Procuro me entender para compreender minha filha. Esse é meu maior desafio nos dias de hoje. É gratificante ver uma criança de três anos com um vocabulário tão extenso, que utiliza tão bem o plural das palavras, que faz uso tão bem do português ao se comunicar. Vocês iriam se surpreender se a vissem fazendo as concordâncias verbais que faz (eu pelo menos me surpreendo). Sei que todo pai é coruja mesmo, puxa a chamada “sardinha” para seu filho. Agora mesmo a escuto dizendo: “posso colar o adesivo no meu berço? Não? E aqui em cima, pode?... Mas ele não quer colar. Olha aqui! Ele não quer colar!” (estou transcrevendo exatamente o que ouço, nesse exato momento). E ela completa: “...Eu não consigo colar... Papai, me ajuda?”. Claro! (Volto daqui a pouco...).
Se falarmos da maneira correta com ela, é isso que ela irá aprender (e com uma rapidez enorme). Lá vamos nós: “papai, porque você não comprou um peixinho? Porque não tem um peixinho aqui dentro? (referindo-se a um aquário que ela tem). É assim o dia todo. E não me canso de conversar com ela.
Bom, essa conversa toda foi apenas para lhes dizer que hoje, em grande parte, minha felicidade está na Isabella. Encontrei nela um sentido mais amplo para a Felicidade. Sei que temos outras coisas que nos faltam. Algumas delas somos capazes de compartilhar com todos. Outras nem tanto. Eu mesmo necessito de algumas para completar minha felicidade, porém estas são compartilhadas com quem de direito. Mas quem não tem?
Há alguns dias atrás, escrevi acerca do filme “A Procura da Felicidade”. Naquele dia disse que não havia visto o filme e que o mesmo me trouxe alguns sentimentos que estão explicados na postagem. O motivo dessa revisão é fazer um “mea culpa” e dizer que estava equivocado no tocante a já te-lo visto. Dias depois da postagem, fui repreendido por uma grande amiga, cuja repreensão dizia respeito justamente a ter sido ela a autora do empréstimo de um filme há alguns anos atrás. O filme? “A Procura da Felicidade”. O pior de tudo? Eu havia lhe dito que tinha gostado muito do filme.
Cabe aqui então um pedido de desculpas formal à minha amiga Luciana. Como lhe disse na ocasião, não me recordo do fato em questão. Não me vem na cabeça, até hoje, o fato de ter visto anteriormente o filme. Lucila também me disse que eu o vi. Disse que tinha visto comigo. Eu falei que ela tinha ficado “doida”. Pelo visto, “doido” estou eu.
Não sei o motivo de tal esquecimento. Sou do tipo que lembra de episódios de quando era uma criança bem pequena. O blog mesmo traz relatos de época bem remota da minha vida. Portanto, não sei mesmo qual a razão de não me lembrar do filme. Não sei se é memória seletiva, ou o quê. Todavia cabe aqui o pedido de desculpas formais à minha amiga pelo lapso. Certamente eu não faltaria com a verdade no dia em que lhe disse que havia gostado do filme. Até mesmo que, nesses casos, é fácil detectar alguém que não viu “bulhufas” nenhuma. Basta comentar algo, alguma cena, que a mentira vem à tona.
Ainda vou me perguntar muito o que aconteceu. Para alguém que se gaba da própria memória, que tem um Blog que se chama “memórias”, esse foi um fato estranho, muito estranho.
1. Conceito; opinião pública, favorável ou desfavorável.
2. Fama; renome; nomeada.
Um episódio vivenciado por mim recentemente, mais exatamente nos últimos três meses, me fez refletir acerca da reputação de uma pessoa. Segundo o significado do dicionário, reputação é o mesmo que a fama de alguém, a opinião pública acerca de um indivíduo. Basicamente é algo a ser preservado e valorizado por todos. Todavia acabei descobrindo que o que julgava ser necessário para se manter uma boa reputação não era suficiente. Fatores externos influenciam diretamente o conceito que as pessoas do nosso convívio têm a nosso respeito.
Para exemplificar o sentimento que tenho dentro de mim nesse momento, vou contar uma história que ouvi a bastante tempo, e que me marcou de forma profunda, a ponto de não me permitir esquecê-la. Vou contá-la da maneira que ainda me recordo, ou seja, com seus fatos principais.
Em uma cidade pequena, do interior do Estado, havia uma igreja cristã, cujo pastor era motivo de orgulho de todos. Ele era um homem de bem, casado, pai de dois filhos, e renomado dentre todos. Sua reputação o precedia, fazendo-o respeitado em qualquer lugar que ele estivesse. Suas palavras eram reverenciadas.
Certo dia, durante um culto de domingo, uma senhora, com uma criança recém nascida no colo, apareceu na igreja. Ela não era conhecida na cidade, o que intrigou a todos. Sob o olhar curioso dos presentes, a senhora de aproximou do púlpito da igreja, no qual estava o pastor a pregar, e diante de todos, apresentou aquela criança como sendo filha daquele pregador.
O fato trouxe surpresa a todos. Espanto geral. Como poderia ser? Aquele homem tão respeitado por todos tinha um filho fora de seu casamento? Tinha ele um relacionamento extraconjugal?
Espanto é a palavra mais suave para demonstrar o sentimento dentre os moradores daquela cidade. Em poucos dias, aquele homem até então respeitado por todos, estava no opróbrio total. Perdeu seu “emprego”, sua esposa o deixou (levando seus dois filhos), foi excomungado da igreja e ainda passou a viver de favores de um ou outro que ainda lhe davam alguma credibilidade ou que tinham compaixão da criança que havia sido deixada com ele por aquela senhora desconhecida. Nem emprego ele conseguia depois daquele “escândalo”. Sua reputação estava acabada. Seu bom nome não mais existia.
Aquele homem não conseguia acreditar em tudo que havia passado naqueles dias. Era algo inacreditável, tal como se fosse um conto de fadas. Sendo que nesse caso ele era o vilão da história. Mas ele ainda acreditava em Deus, e soube suportar todas as dificuldades e provações que a vida lhe apresentou, vivendo os anos conforme lhe era possível.
Alguns anos se passaram, quando aquela pequena cidade recebeu novamente a visita daquela senhora desconhecida. Era um domingo pela manhã, e as pessoas estavam reunidas na praça central em comemoração ao aniversário da cidade. Mais uma vez, ela se dirigiu ao “ex” pastor e, com lágrimas nos olhos, se ajoelhou diante dele, lhe pedindo perdão pelo que havia lhe feito passar. Diante dos que ali estavam ela confessou que, por passar grandes dificuldades quando do nascimento de seu filho, procurou pelas cidades da vizinhança alguém que fosse digno e honrado para cuidar e criar seu filho. E ela não encontro nenhum outro senão aquele que era o mais renomado da região, o pastor. Ela sabia em seu coração que não existia nenhum outro que teria tanto cuidado e criaria tão bem uma criança. O que era verdade.
Novamente a cidade foi tomada de espanto. O que era aquilo que estavam ouvindo? Como alguém poderia ser tão cruel a ponto de destruir a vida de uma pessoa? Houve revolta da parte de muitos, sendo que alguns queriam inclusive agredir aquela dona. Houve intervenção da parte do pastor, que pediu a todos que nada de mal fizessem àquela senhora, visto ele a estar perdoando pelo que havia lhe feito. Surpresa de todos! Perdão? Como perdoar um ser tão vil? Mas ele ali estava exercendo um direito seu. O de perdoar.
Entretanto, um fato chamou a atenção. O pastor convidou a senhora para lhe fazer companhia em uma caminhada. Ele buscou uma sacola em casa e se puseram a caminhar. Durante o trajeto os dois conversaram muito, sendo que em boa parte dele, o pastor contou para a senhora dos cuidados que ele havia tido com a criança. Em determinado ponto os dois se detiveram no alto de uma montanha. Era uma paisagem linda. Naquele instante a senhora perguntou-lhe o motivo dele tê-la levado até aquele monte. Ao que o pastor lhe respondeu:
- Eu lhe perdoei pelo que fizeste comigo. Todavia quis lhe trazer aqui para lhe mostrar algo. – Nesse instante o pastor retirou um travesseiro de penas de dentro da sacola.
- Todo homem deve preservar o seu bom nome, sua reputação. – disse o pastor. O perdão eu posso lhe dar – continuou ele (e com uma faca, cortou o forro do travesseiro, fazendo voar as penas que estavam em seu recheio por todos os lados. Não se podia ver para onde voavam todas aquelas penas, pois ventava muito no local).
- Todavia, meu bom nome, minha reputação, só retornarão a mim, quando a senhora conseguir recolher todas essas penas que voaram de dentro do travesseiro, pois foi isso que você fez, espalhou-os como ao vento, ao me caluniar daquela maneira.
- Eu posso ter meu emprego de pastor de volta. Muitos podem voltar a me respeitar. Contudo minha esposa não mais retornará a mim, visto que ela se casou com outro homem em uma cidade vizinha. Além disso, alguns moradores da cidade morreram nesse tempo que se passou, levando consigo uma imagem errada a meu respeito. Outros não acreditarão no que ouviram de sua boca. Outros tantos se mudaram daqui, ou seja, nada mais será como era antes.
Aquelas palavras demonstraram para aquela mulher, o peso que existe em nossas palavras. Elas, uma vez proferidas, não voltam mais. Seu coração se entristeceu sobremaneira.
Portanto, fica aqui um conselho a todos e a mim mesmo: sejamos sempre tardios ao falar, sempre aptos a ouvir, e com discernimento para separar o joio do trigo. Devemos ser capazes de julgar todas as coisas e reter apenas as que são boas. Pense duas vezes ao falar algo que poderá trazer estragos enormes na vida de alguém. Isso pode não ter volta, causando dano muito maior do que o previsto por você.
Não comparo a situação vivenciada por mim à história contada. Ela serve para exemplificar apenas, como uma pessoa pode ter seu nome e sua reputação difamados, pelo simples fato de alguém querer falar o que quer, sem ao menos conhecer uma determinada pessoa, ou até mesmo, saber sua versão para os fatos. Isso entristece o coração de qualquer pessoa.
“Como maçãs de ouro, em salvas de prata, assim é a palavra dita a seu tempo.” Provérbios 25:11.
“Maça, espada e flecha aguda é o homem que levanta falso testemunho contra seu próximo.” Provérbios 25:18.
Você me conhece? Não? Acha que sim? Pois bem, vamos lá:
Nome: Leonardo Rocha Pena
Data de Nascimento: 04/02/1974 (35 anos)
Brasileiro, natural de Belo Horizonte.
Portador de TDAH (Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade). Não sabe o que é TDAH? Tenho o maior prazer em lhe explicar. Senão, a internet tem muito a respeito do tema.
Ocupação: Contador. (Estudante do sétimo período de ciências contábeis na PUC MINAS).
Ocupação: Gerente de Departamento Fiscal – Supermercados BH (Desde 2005). Trabalho para o Supermercado desde 2002.
Faculdades cursadas: Direito FUMEC e Direito PUC, Engenharia Metalúrgica na UFMG, Ciências Contábeis PUC.
Como bom portador de TDAH que sou, entrei em várias faculdades, mas não tive a motivação e o ânimo suficientes para levá-las adiante.
Q.I.: (quociente de inteligência): 136
Q.E. (quociente emocional): não tão “alto” assim. Uma questão de emoções!!!
Pai de uma filha linda de 3 anos (Isabella)
Hobby: Cozinhar, escrever.
Esportes: Tênis (verdadeira paixão) e xadrez (pra mim é esporte).
Introvertido, tímido, sincero, hiperativo e desatento. Ampla facilidade em lidar com números e com palavras. Atenção dispersa e abrangente, extrema dificuldade com relacionamentos humanos (tanto que tenho poucos). Nada invejoso, nem egoísta. Gosto com facilidade (desde que esse gostar seja merecido), emotivo, impulsivo, ansioso, desorganizado...
Bom, já falei um tanto bom acerca do meu eu. Agora, quer falar de mim? Tanto faz.
Voltando rapidinho no texto que escrevi, o que mais me entristeceu na história não foi a atitude da mulher que caluniou o pastor, mas sim o fato de todos que o admiravam e respeitavam terem acreditado na história dela e terem julgado aquele homem, como se nunca o tivessem conhecido. Isso sim fez a diferença.