O Show deve continuar. Sim! Ele precisa seguir em frente. Contudo, precisamos conhecer a realidade do backstage. Para quem não sabe, a palavra inglesa backstage tem vários sentidos. Dentre eles, o que importa nesse momento: bastidores de um show, que vai da preparação e montagem de palco até a execução do mesmo, envolvendo desde os técnicos de som e iluminação ao camarim.
É fim de tarde de domingo. Após um dia em família, principalmente ao lado de minha pequena princesa, a noite vai caindo e juntamente com ela a sensação de um dia perfeito. O celular toca. No visor o nome daquele que tem sido peça chave durante meus 37 anos de idade. Preciso conversar com você, diz a voz do outro lado.
O caminho até ele foi longo. Pouco mais de 30 minutos, que mais pareciam uma eternidade, colocam-me diante do portão. A boca está seca e o coração um pouco acelerado. A sensação de frio toma conta de mim.
Na penumbra da sala de estar, uma figura com o olhar não tão intimidador quanto aquele ao qual eu estava acostumado. Umas poucas trocas de palavras e já estávamos sentados no sofá. Eu, sentado na beirada deste, com os pés voltados para a porta, como se quisesse dali fugir. Um copo com água me faria bem.
Não mais que 40 minutos foram necessários para que eu tomasse ciência daquilo que meu cérebro se recusa a assimilar. Uma notícia. Um nó na garganta. Lágrimas nos olhos. Há quase um ano estávamos pelejando contra um inimigo mortal. Pensávamos tê-lo vencido. Mas foi sentimento passageiro. Aquele oponente estava de volta. De maneira incerta e improvável, ele estava usando nossas forças para renascer tal qual a Phoenix das cinzas. Era impossível conter o choro.
Ouvi sua voz dizendo: “Você não pode chorar. Precisa ser forte nesse momento. Preciso que sejas forte e me ajude”. Era preciso ajuda-lo a manter o “show”, conforme planejado. Aquelas palavras eram quase que sussurros em meus ouvidos. Eu não queria ouvir mais nada. Sempre fui a parte mais frágil daquela relação, e não me sentia apto a seguir em frente. Como irmãos de sangue, razão e emoção estavam frente a frente. Um abraço e um beijo fraternal encerraram aquele diálogo. Aquela foi uma das noites mais longa de minha vida. “E Deus chamou à luz Dia; e às trevas chamou Noite. E foi a tarde e a manhã, o primeiro dia”.
“Como você consegue seguir em frente? Como consegue sorrir? Não consigo entender como você demonstra tristeza em um dia, e noutro parece feliz”. Essas são palavras que sondam meu coração. Tal como inquisidores, me perseguem em busca de um demônio. Mas em mim não há outro mal, que não seja o meu velho homem, com o qual travo lutas diárias para manter minha fé inabalável. Não sou o melhor dos sujeitos. A bem da verdade, tal como Paulo ao final de sua vida, me sinto como o maior dos pecadores.
Ousas sorrir em meio a tamanha angústia? Não teríamos que estar em prantos demonstrando todo o nosso sentimento, nossa aflição? Creio que não. Nesse momento em que o palco já está quase finalizado e a plateia a postos para a apresentação, o que mais precisamos é demonstrar que não estamos mortos, mas vivos e prontos para mais um “round” dessa vida. Necessitamos estar de pé e desejamos não ser vistos como “doentes”, carecedores da piedade dos que nos cercam. Todavia parece de difícil percepção essa conotação positiva diante do mal.
Você pode me perguntar: “Qual a duração desse show?” O máximo que consigo lhe dizer é: se depender de mim, da minha fé, pra sempre!
O caminho até ele foi longo. Pouco mais de 30 minutos, que mais pareciam uma eternidade, colocam-me diante do portão. A boca está seca e o coração um pouco acelerado. A sensação de frio toma conta de mim.
Na penumbra da sala de estar, uma figura com o olhar não tão intimidador quanto aquele ao qual eu estava acostumado. Umas poucas trocas de palavras e já estávamos sentados no sofá. Eu, sentado na beirada deste, com os pés voltados para a porta, como se quisesse dali fugir. Um copo com água me faria bem.
Não mais que 40 minutos foram necessários para que eu tomasse ciência daquilo que meu cérebro se recusa a assimilar. Uma notícia. Um nó na garganta. Lágrimas nos olhos. Há quase um ano estávamos pelejando contra um inimigo mortal. Pensávamos tê-lo vencido. Mas foi sentimento passageiro. Aquele oponente estava de volta. De maneira incerta e improvável, ele estava usando nossas forças para renascer tal qual a Phoenix das cinzas. Era impossível conter o choro.
Ouvi sua voz dizendo: “Você não pode chorar. Precisa ser forte nesse momento. Preciso que sejas forte e me ajude”. Era preciso ajuda-lo a manter o “show”, conforme planejado. Aquelas palavras eram quase que sussurros em meus ouvidos. Eu não queria ouvir mais nada. Sempre fui a parte mais frágil daquela relação, e não me sentia apto a seguir em frente. Como irmãos de sangue, razão e emoção estavam frente a frente. Um abraço e um beijo fraternal encerraram aquele diálogo. Aquela foi uma das noites mais longa de minha vida. “E Deus chamou à luz Dia; e às trevas chamou Noite. E foi a tarde e a manhã, o primeiro dia”.
“Como você consegue seguir em frente? Como consegue sorrir? Não consigo entender como você demonstra tristeza em um dia, e noutro parece feliz”. Essas são palavras que sondam meu coração. Tal como inquisidores, me perseguem em busca de um demônio. Mas em mim não há outro mal, que não seja o meu velho homem, com o qual travo lutas diárias para manter minha fé inabalável. Não sou o melhor dos sujeitos. A bem da verdade, tal como Paulo ao final de sua vida, me sinto como o maior dos pecadores.
Ousas sorrir em meio a tamanha angústia? Não teríamos que estar em prantos demonstrando todo o nosso sentimento, nossa aflição? Creio que não. Nesse momento em que o palco já está quase finalizado e a plateia a postos para a apresentação, o que mais precisamos é demonstrar que não estamos mortos, mas vivos e prontos para mais um “round” dessa vida. Necessitamos estar de pé e desejamos não ser vistos como “doentes”, carecedores da piedade dos que nos cercam. Todavia parece de difícil percepção essa conotação positiva diante do mal.
Você pode me perguntar: “Qual a duração desse show?” O máximo que consigo lhe dizer é: se depender de mim, da minha fé, pra sempre!
O SHOW DEVE CONTINUAR – QUEEN
Espaços vazios... Pelo que nós estamos vivendo?
Lugares abandonados
Eu acho que já sabemos o resultado
De novo e de novo, alguém sabe o que nós estamos procurando?
Um outro herói, outro crime impensável
Atrás da cortina, na pantomima.
Segure a linha, alguém quer segurar um pouco mais?
O show deve continuar
O show deve continuar, sim
Por dentro meu coração está se partindo
Minha maquiagem pode estar escorrendo
Mas meu sorriso permanece...
O que quer que aconteça, eu deixarei tudo à sorte
Uma outra melancolia, um outro romance fracassado
De novo e de novo, alguém sabe pelo que nós estamos vivendo?
Eu acho que estou aprendendo.
Eu preciso me aquecer agora
Em breve estarei virando
a esquina agora
Lá fora está amanhecendo
Mas dentro da escuridão estou ansiando para ser livre
O show deve continuar
Por dentro meu coração se parte
Minha maquiagem pode estar escorrendo
Mas meu sorriso permanece...
Minha alma é pintada como as asas das borboletas
Contos de fada de ontem vão crescer, mas nunca morrer.
Eu posso voar - meus amigos
O show deve continuar
Eu irei enfrentar tudo com um grande sorriso
Eu nunca irei desistir
Adiante - com o show
O show deve continuar
Oh, eu vou dar um lance maior, eu vou superar
Eu tenho que achar vontade para continuar
...continuar com o show
O Show - o show deve continuar.
Àquele que tem sido um herói para mim nos últimos 37 anos vividos.
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