Memórias de Um Cárcere Privado
Contabilizando as memórias de um portador de TDAH (Transtorno de déficit de atenção e hiperatividade). Contabilizando os problemas do dia a dia. Contabilizando os lançamentos contábeis (risos). Contabilizando os erros cometidos. Contabilizando o dia a dia. Enfim, contabilizando...
terça-feira, 30 de junho de 2015
quarta-feira, 17 de junho de 2015
Pra cada um de nós, independente de estarmos preparados ou não, algum dia a vida vai acabar. Não haverá mais por do sol, nem tampouco dias a mais. Todas as coisas que adquirimos, juntamos e trouxemos conosco, desde aquelas que apreciamos ou não, irão passar para outra pessoa. Nossa riqueza, fama e poder vão se tornar irrelevantes. Não importa o que conseguimos ou o tamanho de nossas dívidas. Nossos ressentimentos, frustrações e ciúmes finalmente vão desaparecer. Assim também a nossa espera, ambições, planos e listas do que fazer, vão expirar. As vitórias e perdas que outrora pareciam tão importantes também vão desaparecer. E não importa de onde viemos. Nesse momento da vida, ela não vai se importar se estamos bonitos e brilhantes. Até o sexo ou cor de pele vai ser irrelevante. Então o que importa? Como serão medidos os nossos valores? O que importa não é o que compramos, mas o que construímos. Não o que temos, mas o que fizemos. O que importa não é o sucesso, mas o seu significado. Não é o que aprendemos, mas o que fizemos com o que aprendemos. Importante é nossa integridade, compaixão, coragem ou sacrifício que, enriquecido, servirá de encorajamento para outros seguirem em frente. Mais do que nossa competência, é o nosso caráter. Não vai fazer diferença o quanto sabíamos mais do que as outras pessoas, mas o quanto elas irão sentir a perda quando a gente se for. Nossa memória de nada valerá, mas sim as lembranças que viverão com quem te amava. Por fim, devemos refletir sobre a relevância que tivemos, ou melhor, por quanto tempo seremos lembrados, por quem, e por quê.
Não devemos viver por circunstâncias, mas sim por escolha.
terça-feira, 27 de setembro de 2011
Show must go on! – A verdade por detrás das cortinas.
O caminho até ele foi longo. Pouco mais de 30 minutos, que mais pareciam uma eternidade, colocam-me diante do portão. A boca está seca e o coração um pouco acelerado. A sensação de frio toma conta de mim.
Na penumbra da sala de estar, uma figura com o olhar não tão intimidador quanto aquele ao qual eu estava acostumado. Umas poucas trocas de palavras e já estávamos sentados no sofá. Eu, sentado na beirada deste, com os pés voltados para a porta, como se quisesse dali fugir. Um copo com água me faria bem.
Não mais que 40 minutos foram necessários para que eu tomasse ciência daquilo que meu cérebro se recusa a assimilar. Uma notícia. Um nó na garganta. Lágrimas nos olhos. Há quase um ano estávamos pelejando contra um inimigo mortal. Pensávamos tê-lo vencido. Mas foi sentimento passageiro. Aquele oponente estava de volta. De maneira incerta e improvável, ele estava usando nossas forças para renascer tal qual a Phoenix das cinzas. Era impossível conter o choro.
Ouvi sua voz dizendo: “Você não pode chorar. Precisa ser forte nesse momento. Preciso que sejas forte e me ajude”. Era preciso ajuda-lo a manter o “show”, conforme planejado. Aquelas palavras eram quase que sussurros em meus ouvidos. Eu não queria ouvir mais nada. Sempre fui a parte mais frágil daquela relação, e não me sentia apto a seguir em frente. Como irmãos de sangue, razão e emoção estavam frente a frente. Um abraço e um beijo fraternal encerraram aquele diálogo. Aquela foi uma das noites mais longa de minha vida. “E Deus chamou à luz Dia; e às trevas chamou Noite. E foi a tarde e a manhã, o primeiro dia”.
“Como você consegue seguir em frente? Como consegue sorrir? Não consigo entender como você demonstra tristeza em um dia, e noutro parece feliz”. Essas são palavras que sondam meu coração. Tal como inquisidores, me perseguem em busca de um demônio. Mas em mim não há outro mal, que não seja o meu velho homem, com o qual travo lutas diárias para manter minha fé inabalável. Não sou o melhor dos sujeitos. A bem da verdade, tal como Paulo ao final de sua vida, me sinto como o maior dos pecadores.
Ousas sorrir em meio a tamanha angústia? Não teríamos que estar em prantos demonstrando todo o nosso sentimento, nossa aflição? Creio que não. Nesse momento em que o palco já está quase finalizado e a plateia a postos para a apresentação, o que mais precisamos é demonstrar que não estamos mortos, mas vivos e prontos para mais um “round” dessa vida. Necessitamos estar de pé e desejamos não ser vistos como “doentes”, carecedores da piedade dos que nos cercam. Todavia parece de difícil percepção essa conotação positiva diante do mal.
Você pode me perguntar: “Qual a duração desse show?” O máximo que consigo lhe dizer é: se depender de mim, da minha fé, pra sempre!
O SHOW DEVE CONTINUAR – QUEEN
Espaços vazios... Pelo que nós estamos vivendo?
Lugares abandonados
Eu acho que já sabemos o resultado
De novo e de novo, alguém sabe o que nós estamos procurando?
Um outro herói, outro crime impensável
Atrás da cortina, na pantomima.
Segure a linha, alguém quer segurar um pouco mais?
O show deve continuar
O show deve continuar, sim
Por dentro meu coração está se partindo
Minha maquiagem pode estar escorrendo
Mas meu sorriso permanece...
O que quer que aconteça, eu deixarei tudo à sorte
Uma outra melancolia, um outro romance fracassado
De novo e de novo, alguém sabe pelo que nós estamos vivendo?
Eu acho que estou aprendendo.
Eu preciso me aquecer agora
Em breve estarei virando
a esquina agora
Lá fora está amanhecendo
Mas dentro da escuridão estou ansiando para ser livre
O show deve continuar
Por dentro meu coração se parte
Minha maquiagem pode estar escorrendo
Mas meu sorriso permanece...
Minha alma é pintada como as asas das borboletas
Contos de fada de ontem vão crescer, mas nunca morrer.
Eu posso voar - meus amigos
O show deve continuar
Eu irei enfrentar tudo com um grande sorriso
Eu nunca irei desistir
Adiante - com o show
O show deve continuar
Oh, eu vou dar um lance maior, eu vou superar
Eu tenho que achar vontade para continuar
...continuar com o show
O Show - o show deve continuar.
Àquele que tem sido um herói para mim nos últimos 37 anos vividos.
quarta-feira, 22 de dezembro de 2010
Escorregando pelos meus dedos.
Hoje a noite, enquanto via um filme (Mamma Mia) e ouvia ABBA, tive um devaneio. Muita coisa se passou diante dos meus olhos. Voltei alguns anos de minha vida e caminhei outros tantos para frente. Muito do meu pensamento estava focado na pequena Isabella. Fiquei imaginando ela saindo de casa de manhã cedo, com a sua mochila da escola na mão. No seu rosto um sorriso e suas mãos, acenando para mim. Em mim certa onda de tristeza, onda essa que me faz sentar um pouco. No coração o sentimento de que a estou perdendo para sempre, e de alguma maneira, não consigo entrar em seu mundo.
Quero e preciso estar feliz todas as vezes que posso compartilhar de sua risada. Risos dessa menininha engraçada.
Sinto-a escorregando pelos meus dedos o tempo todo. Tento capturar cada minuto, cada sentimento envolvido nisso. Sinto-a escorregando pelos meus dedos. Tenho como saber o que está em sua mente? Creio que não. Cada vez que penso estar chegando perto, ela cresce um pouco mais... e continua crescendo... e crescendo.
O sono está em meus olhos. Vejo-a na mesa do café. Meio acordado, deixo o tempo passar. Então, quando ela se vai, tenho aquele sentimento melancólico. Um sentimento envolto em culpa.
Não quero perder nenhuma das aventuras maravilhosas ao lado da minha pequena princesa. Quero sempre planejar lugares maravilhosos para irmos. Algumas dessas aventuras, ela já fez (não ao meu lado). Mas a maioria ainda está por vir. E me entristeço ao imaginar que perderei outras tantas. E o por quê? Simplesmente não sei.
Sinto-a escorregando pelos meus dedos. E tento capturar cada minuto, cada momento presente. Infelizmente, toda vez que me aproximo de saber o que está em sua mente, ela cresce um pouco mais. E vai crescendo... e continua crescendo.
Escorregando pelos meus dedos. Às vezes eu queria poder congelar a imagem, o momento. E salvá-la das pegadinhas que a vida nos prega. Mas ela vai escorregando pelos meus dedos.
E com a mochila não mão ela se despede de mim, com um lindo sorriso em seus lábios.
segunda-feira, 12 de abril de 2010
Todo Querer.
Outro dia li um texto que me levou a refletir. Por isso, vou divagar um pouco sobre suas palavras.
Quando queremos alguma coisa, estamos exprimindo um desejo intenso de obtermos algo, um certo resultado. Tal querer, é uma força que nos move, que impulsiona nossas aspirações pessoais em direção a um “lugar” sonhado.
Ademais, pode-se exprimir esse querer, esse desejo, como sendo interno e externo.
Desejos internos, são aqueles que, independente de qualquer outra pessoa, praticamente inexiste. Eles dependem apenas de nossas aspirações, atitudes, sonhos, ambições, que nos levam a transformar a realidade ao nosso redor. Entendo que, o querer interno, dependa tão somente de nós mesmos.
Doutra forma, o querer externo, traz consigo a consignação a diversos fatores externos à nossa vontade. Fatores esses, muitas vezes, incontroláveis. São oportunidades, política, economia, educação, saúde, religião... dentre outros. Muitas são as influências que nos deixam à mercê dentro desse querer.
Assim sendo, querer, internamente, envolve a nossa capacidade de conseguir algo, atingir um objetivo. Por outro lado, querer, externamente, significa possibilidade, probabilidade de se obter êxito, ou não.
Dessa forma, qual atitude devemos ter em relação ao nosso querer?
Quanto ao querer externo, procure sempre fazer aquilo que está ao seu alcance para tornar seu sonho (desejo), realidade. Seja eficaz, eficiente. Mesmo assim, pode ser que nada seja suficiente para alcançar o objetivo. Já em relação ao desejo interno, que dependem de nós mesmos, lembre-se que todos os fatores estão em nossas mãos. Somos nós que conduzimos o querer em seu caminho, rumo à sua realização.
Lembre-se apenas que ambas as formas de querer, dependem de constância e consistência, para que se tornem realidade. Portanto deixe de ser passivo na vida e tome as rédeas das situações que envolvem o seu ser. Independente do querer, faça sua parte e torne seus desejos, seus sonhos realidades. Seja alguém de atitude. Sem atitude, é impossível alcançar seus desejos e objetivos.
Um abraço a todos.
quarta-feira, 10 de março de 2010
Depende do jeito que a gente vê! – II
Voltando ao último texto que escrevi no Blog, tudo depende do jeito que a gente vê. Como portador de TDAH sou mais do que adepto dessa posição.
Muitos acreditam que o portador de TDAH deve ser analisado e julgado pelos sintomas do transtorno tão somente. Descartam a realidade de que nem todos manifestam as características em sua totalidade.
Confesso que me enquadro naqueles que passam com “louvor” nos testes aplicados aos portadores. Mas isso não quer dizer que sou tudo, ou estou em tudo aquilo relacionado ao TDAH.
Sempre fui de difícil convivência. A impulsividade na comunicação, sem filtros para as minhas colocações e falas, sempre me trouxe problemas. Outra questão envolve a desatenção, o que me leva muitas vezes a “não ouvir” o que as pessoas dizem, por estar eu “ocupado” com outras coisas (viajando...). Sempre fui daqueles que fazem as coisas do próprio jeito, meio que senhor da verdade. Todavia, de uns tempos para cá, vejo que isso tem mudado em minha vida. Meu orgulho e presunção, já não são os mesmos a tempos... Não gosto de rotina. Quem anda comigo sabe disso. A rotina me deixa entediado. Gosto de fazer coisas diferentes (muitas vezes ao meu jeito), mas tudo na vida é negociável. Tenho prazer em passear, viajar, sair. Todavia, como em muitos casos me sinto incompreendido, acabo fazendo certas coisas sozinho. Mas não que essa seja a minha vontade. Companhia é sempre agradável, e bem vinda. Mas prefiro que ela sempre venha acompanhada de compreensão. E quem é que não precisa ser compreendido???
Sempre fui taxado de mal humorado. Acho até que isso é verdade. Porém, vejo que isso também tem mudado em minha vida. Claro que ainda tenho os momentos de instabilidade, mas deixei de ser ranzinza há certo tempo.
No tocante a questões mais íntimas, acredito que o relacionamento deva ser valorizado como um todo. Isso pode causar estranheza, mas a verdade é que entendo que a intimidade em um relacionamento envolve muitos mais a cumplicidade e o conhecimento da outra parte do que o contato físico
Portanto, digo mais uma vez: tudo depende do ponto de vista, do jeito que a gente vê.
“Eu vivo sempre no mundo da lua
Porque sou um cientista homeopata
Futurista e lunático
Eu vivo sempre no mundo da lua
Tenho alma de artista sou um gênio
Sonhador e romântico
Eu vivo sempre no mundo da lua
Porque sou um aventureiro
Desde o meu primeiro passo
No infinito
Eu vivo sempre no mundo da lua
Porque sou inteligente
Se você quer vir com a gente
Venha que será um barato
Pega carona nesta cauda de cometa
Ver via láctea
Estrada tão bonita
Brincar de esconde-esconde
Numa nebulosa
Voltar pra casa
Em um lindo balão azul” – (Guilherme Arantes)
terça-feira, 2 de março de 2010
Depende do jeito que a gente vê!
Outro dia recebi um e-mail com um texto (poesia?) de Jandira Mansur. Muito bacana. Todavia vou me intrometer e navegar pelas palavras...
Tudo nessa vida depende do jeito que a gente vê. Isso é a mais pura verdade. Vale sempre o ponto de vista de cada um. Como diria Jandira, o comprido pode ser curto, o manso pode ser bravo o escuro, claro, o doce, amargo.
A lua, hora tão redonda, noutra noite se mostra “fininha”. Isso sem falar nos dias em que não aparece. O domingo sempre foi meu dia mais curto da semana. Enquanto os outros pareciam não acabar. De uns tempos para cá, tudo mudou. O domingo parece uma semana inteira... Enquanto a semana, nem dura tanto quanto o domingo. E isso depende de quê? Daquilo que a gente faz, de como gastamos nosso tempo... Uma colher cheia de brigadeiro parece um pouquinho de “nada”. Enquanto essa mesma colher, cheia de remédio, parece tanto que nem dá pra engolir. E isso depende de quê? Daquilo que gostamos... E nisso, o quente pode ser frio, o bonito ser feio e o bom, quem sabe ruim. E isso tudo, depende de como a gente vê.
No fundo, no fundo, tudo na vida sempre vai depender do nosso ponto de vista. Vai estar sujeito à nossa vontade, ao nosso desejo, às nossas aspirações, ao nosso gosto, por fim: tudo depende do jeito que a gente vê! E melhor seria, tal como sugerido pela autora, que víssemos sempre as coisas dos dois lados...
Um abraço a todos.
segunda-feira, 1 de março de 2010
Coisas que eu sei. (Danni Carlos)
De tudo que acho certo
Até o dia em que eu
Mudar de opinião
A minha experiência
Meu pacto com a ciência
Meu conhecimento
É minha distração...
Coisas que eu sei
Eu adivinho
Sem ninguém ter me contado
Coisas que eu sei
O meu rádio relógio
Mostra o tempo errado
Aperte o Play...
Eu gosto do meu quarto
Do meu desarrumado
Ninguém sabe mexer
Na minha confusão
É o meu ponto de vista
Não aceito turistas
Meu mundo tá fechado
Pra visitação...
Coisas que eu sei
O medo mora perto
Das idéias loucas
Coisas que eu sei
Se eu for eu vou assim
Não vou trocar de roupa
É minha lei...
Eu corto os meus dobrados
Acerto os meus pecados
Ninguém pergunta mais
Depois que eu já paguei
Eu vejo o filme em pausas
Eu imagino casas
Depois eu já nem lembro
Do que eu desenhei...
Coisas que eu sei
Não guardo mais agendas
No meu celular
Coisas que eu sei
Eu compro aparelhos
Que eu não sei usar
Eu já comprei...
As vezes dá preguiça
Na areia movediça
Quanto mais eu mexo
Mais afundo em mim
Eu moro num cenário
Do lado imaginário
Eu entro e saio sempre
Quando tô a fim...
Coisas que eu sei
As noites ficam claras
No raiar do dia
Coisas que eu sei
São coisas que antes
Eu somente não sabia...
Coisas que eu sei
As noites ficam claras
No raiar do dia
Coisas que eu sei
São coisas que antes
Eu somente não sabia...
Agora eu sei...
Agora eu sei...
Agora eu sei...
Ah! Ah! Agora eu sei...
Ah! Ah! Agora eu sei...
Ah! Ah! Agora eu sei...
Ah! Ah! Eu sei!
Há mais ou menos 15 anos não me sentia como no dia de ontem. Talvez até mesmo pelo fato de ter me prometido não me sentir daquele jeito mais, à época. Mas percebi que nem tudo que planejamos sai como planejado. Muitas vezes tentamos criar barreiras para evitar todo e qualquer tipo de sofrimento em nossas vidas. Mas descobri que nem sempre logramos sucesso nessas tentativas. Porém acredito que tudo que acontece em nossas vidas tem um propósito diante de Deus.
"E Deus enxugará de seus olhos toda a lágrima; e não haverá mais morte, nem pranto, nem clamor, nem dor; porque já as primeiras coisas são passadas." - Apocalipse 2:14.
Um abraço a todos.