quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

Do Vaso ao Jardim.

Ouvi perto dos meus 23 anos, que todo ser humano trata o seu amor tal como se uma rosa fosse. Exatamente. Uma rosa. Já quando jovens, resolvemos plantar essa rosa em algum tipo de vaso, visto que para sobreviver, julgamos ser necessário colocá-la em um recipiente adequado. Tal atitude parece ser sensata. A pergunta é: existe um melhor vaso, aquele mais excepcional para colocarmos nossa rosa?

É usual começarmos um relacionamento amoroso quando ainda adolescentes. Os hormônios já fizeram boa parte do seu papel e a sexualidade do ser humano está à “flor da pele”. Automaticamente, escolhemos um vaso, que julgamos apropriado, e lá depositamos nossa querida rosa, nosso amor inabalável.

Com o tempo, tal como toda planta que se preze, nossa rosa cria raízes. Nada mais normal do que isso. Estamos falando de questões básicas como sustentação, fonte de alimento, proteção. Até esse determinado momento, tudo parece normal, adequado ao padrão do amor.

Passados alguns anos, alguns problemas podem ser detectados. Vou me deter em alguns dos que julgo se encaixarem melhor a esse texto. Uma das dificuldades que nossa rosa pode enfrentar no decorrer dos anos, diz respeito ao dono do vaso, que, por sua única e exclusiva vontade, resolve retirar o vaso (com a rosa) de frente da janela. Ele acredita que a rosa já teve todo sol, toda iluminação, todo contato com o ambiente externo, já foi vista e admirada o suficiente. Dessa forma, guarda-o dentro de um quarto, no qual nem uma brisa sequer pode ser sentida. O amor fica isolado, sozinho.

Outro problema encontrado é o excesso de zelo. O dono do vaso, sem entender muito acerca do cultivo de rosas, coloca sempre mais adubo do que o necessário; rega mais a rosa do que sua terra precisa. Podas desnecessárias são feitas a todo instante. O amor se sente sufocado, praticamente afogado em meio a tanta água...

Os dois exemplos que citei são apenas para ilustrar o que acontece nos relacionamentos. Existem casos em que o dono do vaso – e vejam bem o que estou dizendo: a pessoa é dona apenas do vaso, e não da rosa – se sente proprietário daquele amor. Ele entende poder fazer o que quiser com seu vaso, que a rosa obrigatoriamente vai ter que aceitá-lo. É o caso do isolamento. Relacionamentos que tornam o amor doente, murcho, isolado de tudo e de todos, em completa solidão. Em outros casos, o dono do vaso praticamente mata o amor pelo excesso. São cuidados demais, ciúmes demais, ligações demais, cartas (hoje em dia e-mails) em demasia. O amor sufoca, perde a respiração.

Esses são casos de relacionamentos doentios. Em que os pares se sentem donos da rosa, do amor do outro, sendo que na verdade, são apenas vasos, compartimentos nos quais se deposita o amor. Todavia, o grande problema aqui é que o verdadeiro dono da rosa, uma vez ela instalada em um vaso qualquer, sente medo e às vezes desespero com o simples pensamento de que deveria pensar em trocar a sua rosa de vaso. Não são poucas às vezes em que o vaso já não comporta mais o nosso amor. Ou está pequeno demais, ou com qualquer tipo de inadequação. E o medo, faz com que as pessoas vivam “presas” por anos a fio, quiçá uma vida inteira.
Você pode me perguntar qual seria então o melhor vaso, o ideal. A minha resposta é um pouco mais complicada. Vou lhe dizer que a melhor opção é plantar a sua rosa em um jardim. Em um local amplo e espaçoso, com outras flores juntas, com o tratamento adequado, com água em quantidade suficiente, bem como os nutrientes. E como encontrar um jardim? Bom, para mim, o jardim representa primeiramente amar a si mesmo. A partir daí temos o amor da família, dos amigos, dos parentes, dos filhos (no caso de quem tem filhos). O jardim significa a diversificação do nosso “amar”. É dar sentido maior a ele, de maneira que não necessitaremos mais estar presos em um vaso apenas, longe da possibilidade de compartilharmos o nosso coração. Quanto ao “amor da sua vida”, se ele(a) realmente te ama, vai valorizar, e muito, essa sua atitude, esse seu comportamento.

Para que ficarmos presos a um vaso, se podemos viver em um jardim?

Um abraço a todos.

A Pulsão e seus destinos.

"Sempre coloco mais do que o pote
comporta. Excesso econômico.
A água sai pelo ladrão
tenho dentro de mim
uma confusão de diques
desarranjo da engenharia,
pesos e medidas, projeto
inacabado, o limite do aquário."

Retirado do livro - "O Limite do Aquário" de Alicia Maria.

quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

Imperfeições

Desde novo aprendi que quanto mais nos aproximamos da claridade, da luz, melhor conseguimos enxergar. A visão se torna mais clara, principalmente das “sujeiras” e imperfeições do nosso eu.

Um bom exemplo que gosto de usar, é o de Paulo, apóstolo de Jesus. Em sua vida dedicada a Cristo, Paulo, que antes de se entregar a Cristo era um grande conhecedor da palavra de Deus, teve experiências únicas que lhe trouxeram durante sua vida, clareza acerca de sua pessoa.

Logo no início, pouco depois de seu contato com Cristo, Paulo diz em I Coríntios: “Pois eu sou o menor dos Apóstolos, que mesmo não sou digno de ser chamado apóstolo, porque persegui a igreja de Deus”. Nesse momento nos parece uma declaração muito bonita de Paulo, na qual ele se considera o menor dos apóstolos.

Ao caminhar mais ao lado de Cristo, Paulo se aproxima da Luz e consequentemente, percebe imperfeições em seu ser, eu suas atitudes, em sua vida. Já quando escreve aos irmãos que estão em Éfeso: “A mim, o menor de todos os santos, me foi dada esta graça de anunciar entre os gentios, por meio do evangelho, as riquezas insondáveis de Cristo”. A proximidade de Cristo, e de Sua Luz, traz a Paulo maior conhecimento ainda de sua pequenez diante do Mestre, diante da obra de Jesus. Aqui, Paulo já não se diz mais o menor dos apóstolos, e sim o menor de todos os santos, que, certamente, eram bem mais do que aqueles que seguiam a Cristo (os 12). A humildade transparece em seu ser. Fica visível o quanto ele se diminui em prol do amor de Cristo e da pessoa de Jesus. Paulo visava o propósito de Deus na vida dos homens. O seu eu já diminuía de tamanho.

Já perto de sua morte, Paulo escreve uma carta a Timóteo. Nela está descrito o sentimento de Paulo diante de tamanha proximidade de Cristo. Aqui, nesse momento, a Luz de Jesus, já lhe mostra claramente todas as suas imperfeições, todos os seus defeitos. Demonstra o quão pequeno ele é diante de Jesus. E é nesse momento que Paulo dá a sua maior demonstração de humildade e de abnegação pelas coisas do Senhor. À Timóteo ele escreve: “Fiel é esta palavra e digna de toda a aceitação; que Cristo Jesus veio ao mundo para salvar os pecadores, dos quais sou eu o principal; mas por isso alcancei misericórdia, para que em mim, o principal, Cristo Jesus mostrasse toda a sua longanimidade, a fim de que eu servisse de exemplo aos que haviam de crer nele para a vida eterna.” Vemos Paulo, um dos principais nomes da Bíblia, o responsável pelo evangelho pregado a nós, gentios, se auto denominar “dos pecadores o principal”. Ele já não conseguia deixar de ver o quão impuro era diante de Jesus, diante do Amor do Senhor. Amor esse que o fez levar a palavra de Deus a muitos dos que necessitavam dela.

O texto acima é bem “religioso” por assim dizer. Todavia não posso deixar de trazê-lo à luz de nossas vidas cotidianas. Já venho falando acerca da proximidade das pessoas. Esse princípio funciona tão bem quanto, nas relações sociais do dia a dia.

Quando conhecemos determinada pessoa, temos aquela primeira impressão. Provavelmente, sendo ela do nosso interesse, elas serão as melhores. Algo do tipo: fulano e “bacaba”, “gente boa”, “legal”, “bonito”, etc, etc. Quando nos permitimos uma maior proximidade com nosso par, veremos que certas imperfeições se manifestarão na relação. Algumas coisas pequenas talvez, mas que não passam despercebidas. Caso o relacionamento se adiante, e se torne, quer seja uma amizade, um namoro, um relacionamento profissional, uma sociedade, um casamento. Nesse momento, é hora de vermos exatamente com quem nos relacionamos. É nesse instante que veremos o “principal” de nosso parceiro. E aí que vem a parte essencial da “coisa”. Apenas o amor, a bondade, a benevolência, a benignidade tornarão essa relação duradoura. Acredito ser esse o único caminho para que o relacionamento se torne saudável e “eterno” (enquanto dure). A sinceridade de aceitar todas as “mazelas” do próximo e esperar dele a mesma atitude em relação a nós.

Muitas coisas podem nos parecer perfeitas à primeira vista, mas com o passar dos anos, percebemos que existem bem mais defeitos do que imaginávamos. Mas nada que o amor, a compreensão, o carinho e a amizade não possam superar.

Pensem nisso.

Um abraço a todos.

terça-feira, 29 de dezembro de 2009

De volta ao TDAH.

Nesse Natal fui presenteado com um livro que há algum tempo estava querendo. “Mentes Inquietas – TDAH: Desatenção, Hiperatividade e Impulsividade”, escrito por Ana Beatriz Barbosa (médica psiquiatra). Esse é um livro que traz uma luz diferenciada sobre o assunto. Estou gostando tanto que vou compartilhar algumas partes dele aqui no Blog. Na verdade, como sempre, serão comentários sobre o assunto, pincelados por partes do livro.

“No entanto, o que se vê, na maioria absoluta dos TDAs, é que, em sua essência, eles têm um profundo amor à vida” (página 25 do livro – vocês não me verão aqui fazendo referências tal como se fosse uma dissertação de mestrado – sinto muito).

Conforme a autora, apesar de manifestar a sua impulsividade de diversas formas, dentre elas: agressividade, descontrole alimentar, uso de drogas, gastos demasiados, compulsão por jogos, tagarelice incontrolável, é totalmente possível e positivo o portador do TDAH direcionar seus impulsos para coisas positivas, tais como esportes e artes. E essa é uma questão às vezes de vida ou morte.

É característica do “TDAH” gastar seu tempo em busca de emoções. Essas podem ser as mais diversas possíveis. Eu mesmo gosto de adrenalina. Quem me conhece sabe bem. Quando mais novo, era totalmente viciado em jogos eletrônicos e na prática esportiva. Já fiquei 24 horas ligado na frente de um computador, por conta de jogos. Nas Olimpíadas colegiais, queria participar de todas as modalidades... Hoje, nem ouso chegar perto de um Playstation, ou XBOX que seja. Prefiro resistir às tentações. Até me lesionar no ombro, o tênis era minha redenção. Aos poucos estou retornando. Emagrecer me fez um bem enorme!

Bom, tudo para nós é intenso. Projetos, amores, aventuras. A autora do livro ressalta bem que não procuramos a morte, mas ao querer viver ao máximo, podemos chegar bem perto dela! A quem nos conhece cabe ratificar a expressão de que “para nós, tudo é MUITO”. “Muita dor, muita alegria, muito prazer, muita fé, muito desespero” (página 26).

Bom saber que, se estamos bem direcionados (tal como me sinto hoje), é possível viver de uma forma maravilhosa.

E, mais uma vez pegando carona na autora do livro (que por sua vez pegou carona em Guilherme Arantes):

“... Eu vivo sempre no mundo da lua

Tenho alma de artista sou um gênio

sonhador e romântico

Eu vivo sempre no mundo da lua

Porque sou um aventureiro

desde o meu primeiro passo

no infinito

Eu vivo sempre no mundo da lua

Porque sou inteligente

se você quer vir com a gente

venha que será um barato

Pega carona nesta cauda de cometa

ver via láctea

estrada tão bonita

Brincar de esconde-esconde

numa nebulosa

voltar pra casa

em um lindo balão azul...”

Guilherme Arantes – Lindo Balão Azul.


Ps.: Não confundam o TDAH com genialidade ou inteligência. Esses são apenas alguns traços que foram identificados em alguns portadores do transtorno... a música é mais para dizer que vivemos NO MUNDO DA LUA, e que se você quiser vir com a gente, venha que será um barato!
Um abraço a todos.

Martian Child (Ensinando a Viver)

Esse é mais um bom filme que vi recentemente. Bom no sentido das lições que nos são passadas, a nós, que vivemos trancafiados em nosso próprio mundo, isolados da realidade que nos cerca.

Esse é um filme com John Cusack, no qual ele representa um escritor de sucesso, que utilizou sua capacidade criativa, sua imaginação, para "chegar lá", como alguns de nós diríamos. Esse é um filme que trata sobre a exclusão daqueles que são considerados problemáticos; que vivem trancafiados em um mundo de fantasias.

O protagonista, já adulto, resolve adotar uma criança, que tal como ele quando criança, vive num mundo de fantasias, considerando-se um alienígena, mais especificamente um marciano. Esse garoto vive preso ao seu mundo imaginário, não se permitindo uma boa convivência com os demais indivíduos que vivem ao seu redor. Nosso garoto realmente acredita ser um marciano em missão de exploração na terra. John Cusack passa o filme inteiro tentando provar seu amor de "pai" para com o garoto, vivendo as mais diversas situações, na busca de conquistar o amor daquela criança.

O desfecho do filme se dá no momento em que o garoto resolve fugir de casa, acreditando que os marcianos estão a caminho para buscá-lo. Quando o pai encontra o garoto, ambos mantêm um longo diálogo "dependurados" em um observatório (se não me engano). Durante essa conversa podemos retirar a lição do filme. A força da redenção do amor e o sentido da palavra "família".

Ademais, antes do apagar das luzes, o narrador nos diz que devemos realmente encarar as nossas crianças como sendo "marcianos", pois quando vêem ao mundo, não conhecem nada dele, nem tampouco das pessoas que estão ao seu redor. Portanto é extremamente necessário demonstrar amor a elas, bem como fortalecer os laços de família com as mesmas, retirando-lhes todo o mesmo do convívio.

Sou capaz de extrapolar um pouco a moral do filme e dizer que essa situação acontece com qualquer um que "entra" em nossas vidas. Eles não conhecem nada a nosso respeito, são como "marcianos", e como tais, necessitam de orientação em relação a como se relacionar conosco. Não existe fórmula pronta para esse convívio. Precisamos guiá-los. Precisamos demonstrar amor, respeito e ter certo sentimento de família para com eles. Se assim procedermos, as barreiras das "raças", "cores", "espécies", serão facilmente quebradas.

Mas infelizmente não é isso que encontramos por aí. Antes pelo contrário. Em muitos dos casos a situação é totalmente inversa, encontramos pessoas que se fecham mais ainda ao perceberem que alguém se aproxima. Tal como se fosse um intruso querendo dominar nosso "mundo", e não apenas fazer parte dele, compartilhando experiências visando o crescimento mútuo, preferencialmente em amor, e amizade.

Um abraço a todos.

Ps.: A tradução do nome do filme é horrorosa, como a maioria das traduções aqui no Brasil!



segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

O que é felicidade?

São muitos os significados e definições pessoais para a palavra "felicidade." Sorrir, sentir-se amado, sentir a brisa do mar, sentir-se como criança, ganhar na “megasena”, ter amigos, ser um amigo, superar barreiras, ter uma família, viver.

Felicidade é...

Não tenho a melhor definição para felicidade. Em cada momento de nossas vidas, um fato, um acontecimento, uma realização, se tornam o melhor exemplo do que é felicidade. Entretanto, na maioria das vezes, podemos nos recordar de momentos em que éramos crianças, e tínhamos a felicidade em nossas mãos. Não sei se é pelo fato da vida nos cobrar tão pouco quando somos pequenos, de sermos tão inocentes nessa fase da vida, ou se é tão somente por não sabermos e nem procurarmos o significado de felicidade.

A pouco menos de três anos meu conceito de felicidade sofreu um ajuste. Quando do nascimento da Isabella acredito que me tornei uma pessoa mais feliz. Minha pequena trouxe mais sentido à minha vida. Encontrei nela muito daquilo que andava procurando há tempos: uma parte de mim.

Minha mãe cansa de me dizer que enxerga muito do pequeno Leo na Isabella. Nesse Natal ela me disse que se sentia na obrigação de auxiliar-me na educação de minha filha, por ver nela muito do que viu em mim há tempos atrás. Dona Neide se sente um tanto quanto culpada por não ter conhecimento acerca do TDAH quando eu era criança. Ela se cobra muito por não ter me auxiliado a superar dificuldades que um "TDAH" tem, e utilizado todo o potencial que via em mim. Em contrapartida, não me canso também de dizer a ela que tudo bem. Sem problemas. A vida é assim mesmo. Não foi culpa dela, nem de ninguém. Eu mesmo digo que passei a me conhecer melhor há pouco tempo. Isabella estava a caminho. Eu precisava estar preparado para o que poderia encontrar nela. Agradeço a Deus todos os dias por ter tido esse “tempo” extra para me conhecer e aceitar que tive dificuldades e que era hora de superar alguns traumas. Minha filhinha precisa de mim. Precisa de um pai estável e com capacidade de auxiliá-la em tudo que precisar. De deixá-la livre para usar toda a sua capacidade intelectual (que vejo ser, provavelmente, até maior que a do seu pai). Hoje não me foco tanto mais em mim. Procuro me entender para compreender minha filha. Esse é meu maior desafio nos dias de hoje. É gratificante ver uma criança de três anos com um vocabulário tão extenso, que utiliza tão bem o plural das palavras, que faz uso tão bem do português ao se comunicar. Vocês iriam se surpreender se a vissem fazendo as concordâncias verbais que faz (eu pelo menos me surpreendo). Sei que todo pai é coruja mesmo, puxa a chamada “sardinha” para seu filho. Agora mesmo a escuto dizendo: “posso colar o adesivo no meu berço? Não? E aqui em cima, pode?... Mas ele não quer colar. Olha aqui! Ele não quer colar!” (estou transcrevendo exatamente o que ouço, nesse exato momento). E ela completa: “...Eu não consigo colar... Papai, me ajuda?”. Claro! (Volto daqui a pouco...).

Se falarmos da maneira correta com ela, é isso que ela irá aprender (e com uma rapidez enorme). Lá vamos nós: “papai, porque você não comprou um peixinho? Porque não tem um peixinho aqui dentro? (referindo-se a um aquário que ela tem). É assim o dia todo. E não me canso de conversar com ela.

Bom, essa conversa toda foi apenas para lhes dizer que hoje, em grande parte, minha felicidade está na Isabella. Encontrei nela um sentido mais amplo para a Felicidade. Sei que temos outras coisas que nos faltam. Algumas delas somos capazes de compartilhar com todos. Outras nem tanto. Eu mesmo necessito de algumas para completar minha felicidade, porém estas são compartilhadas com quem de direito. Mas quem não tem?

E você, o que lhe faz feliz?

Mea Culpa.

Há alguns dias atrás, escrevi acerca do filme “A Procura da Felicidade”. Naquele dia disse que não havia visto o filme e que o mesmo me trouxe alguns sentimentos que estão explicados na postagem. O motivo dessa revisão é fazer um “mea culpa” e dizer que estava equivocado no tocante a já te-lo visto. Dias depois da postagem, fui repreendido por uma grande amiga, cuja repreensão dizia respeito justamente a ter sido ela a autora do empréstimo de um filme há alguns anos atrás. O filme? “A Procura da Felicidade”. O pior de tudo? Eu havia lhe dito que tinha gostado muito do filme.
Cabe aqui então um pedido de desculpas formal à minha amiga Luciana. Como lhe disse na ocasião, não me recordo do fato em questão. Não me vem na cabeça, até hoje, o fato de ter visto anteriormente o filme. Lucila também me disse que eu o vi. Disse que tinha visto comigo. Eu falei que ela tinha ficado “doida”. Pelo visto, “doido” estou eu.
Não sei o motivo de tal esquecimento. Sou do tipo que lembra de episódios de quando era uma criança bem pequena. O blog mesmo traz relatos de época bem remota da minha vida. Portanto, não sei mesmo qual a razão de não me lembrar do filme. Não sei se é memória seletiva, ou o quê. Todavia cabe aqui o pedido de desculpas formais à minha amiga pelo lapso. Certamente eu não faltaria com a verdade no dia em que lhe disse que havia gostado do filme. Até mesmo que, nesses casos, é fácil detectar alguém que não viu “bulhufas” nenhuma. Basta comentar algo, alguma cena, que a mentira vem à tona.
Ainda vou me perguntar muito o que aconteceu. Para alguém que se gaba da própria memória, que tem um Blog que se chama “memórias”, esse foi um fato estranho, muito estranho.

Lu, sinto muito.

quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

Reputação.

Reputação.

Substantivo feminino

1. Conceito; opinião pública, favorável ou desfavorável.

2. Fama; renome; nomeada.

Um episódio vivenciado por mim recentemente, mais exatamente nos últimos três meses, me fez refletir acerca da reputação de uma pessoa. Segundo o significado do dicionário, reputação é o mesmo que a fama de alguém, a opinião pública acerca de um indivíduo. Basicamente é algo a ser preservado e valorizado por todos. Todavia acabei descobrindo que o que julgava ser necessário para se manter uma boa reputação não era suficiente. Fatores externos influenciam diretamente o conceito que as pessoas do nosso convívio têm a nosso respeito.

Para exemplificar o sentimento que tenho dentro de mim nesse momento, vou contar uma história que ouvi a bastante tempo, e que me marcou de forma profunda, a ponto de não me permitir esquecê-la. Vou contá-la da maneira que ainda me recordo, ou seja, com seus fatos principais.

Em uma cidade pequena, do interior do Estado, havia uma igreja cristã, cujo pastor era motivo de orgulho de todos. Ele era um homem de bem, casado, pai de dois filhos, e renomado dentre todos. Sua reputação o precedia, fazendo-o respeitado em qualquer lugar que ele estivesse. Suas palavras eram reverenciadas.

Certo dia, durante um culto de domingo, uma senhora, com uma criança recém nascida no colo, apareceu na igreja. Ela não era conhecida na cidade, o que intrigou a todos. Sob o olhar curioso dos presentes, a senhora de aproximou do púlpito da igreja, no qual estava o pastor a pregar, e diante de todos, apresentou aquela criança como sendo filha daquele pregador.

O fato trouxe surpresa a todos. Espanto geral. Como poderia ser? Aquele homem tão respeitado por todos tinha um filho fora de seu casamento? Tinha ele um relacionamento extraconjugal?

Espanto é a palavra mais suave para demonstrar o sentimento dentre os moradores daquela cidade. Em poucos dias, aquele homem até então respeitado por todos, estava no opróbrio total. Perdeu seu “emprego”, sua esposa o deixou (levando seus dois filhos), foi excomungado da igreja e ainda passou a viver de favores de um ou outro que ainda lhe davam alguma credibilidade ou que tinham compaixão da criança que havia sido deixada com ele por aquela senhora desconhecida. Nem emprego ele conseguia depois daquele “escândalo”. Sua reputação estava acabada. Seu bom nome não mais existia.

Aquele homem não conseguia acreditar em tudo que havia passado naqueles dias. Era algo inacreditável, tal como se fosse um conto de fadas. Sendo que nesse caso ele era o vilão da história. Mas ele ainda acreditava em Deus, e soube suportar todas as dificuldades e provações que a vida lhe apresentou, vivendo os anos conforme lhe era possível.

Alguns anos se passaram, quando aquela pequena cidade recebeu novamente a visita daquela senhora desconhecida. Era um domingo pela manhã, e as pessoas estavam reunidas na praça central em comemoração ao aniversário da cidade. Mais uma vez, ela se dirigiu ao “ex” pastor e, com lágrimas nos olhos, se ajoelhou diante dele, lhe pedindo perdão pelo que havia lhe feito passar. Diante dos que ali estavam ela confessou que, por passar grandes dificuldades quando do nascimento de seu filho, procurou pelas cidades da vizinhança alguém que fosse digno e honrado para cuidar e criar seu filho. E ela não encontro nenhum outro senão aquele que era o mais renomado da região, o pastor. Ela sabia em seu coração que não existia nenhum outro que teria tanto cuidado e criaria tão bem uma criança. O que era verdade.

Novamente a cidade foi tomada de espanto. O que era aquilo que estavam ouvindo? Como alguém poderia ser tão cruel a ponto de destruir a vida de uma pessoa? Houve revolta da parte de muitos, sendo que alguns queriam inclusive agredir aquela dona. Houve intervenção da parte do pastor, que pediu a todos que nada de mal fizessem àquela senhora, visto ele a estar perdoando pelo que havia lhe feito. Surpresa de todos! Perdão? Como perdoar um ser tão vil? Mas ele ali estava exercendo um direito seu. O de perdoar.

Entretanto, um fato chamou a atenção. O pastor convidou a senhora para lhe fazer companhia em uma caminhada. Ele buscou uma sacola em casa e se puseram a caminhar. Durante o trajeto os dois conversaram muito, sendo que em boa parte dele, o pastor contou para a senhora dos cuidados que ele havia tido com a criança. Em determinado ponto os dois se detiveram no alto de uma montanha. Era uma paisagem linda. Naquele instante a senhora perguntou-lhe o motivo dele tê-la levado até aquele monte. Ao que o pastor lhe respondeu:

- Eu lhe perdoei pelo que fizeste comigo. Todavia quis lhe trazer aqui para lhe mostrar algo. – Nesse instante o pastor retirou um travesseiro de penas de dentro da sacola.

- Todo homem deve preservar o seu bom nome, sua reputação. – disse o pastor. O perdão eu posso lhe dar – continuou ele (e com uma faca, cortou o forro do travesseiro, fazendo voar as penas que estavam em seu recheio por todos os lados. Não se podia ver para onde voavam todas aquelas penas, pois ventava muito no local).

- Todavia, meu bom nome, minha reputação, só retornarão a mim, quando a senhora conseguir recolher todas essas penas que voaram de dentro do travesseiro, pois foi isso que você fez, espalhou-os como ao vento, ao me caluniar daquela maneira.

- Eu posso ter meu emprego de pastor de volta. Muitos podem voltar a me respeitar. Contudo minha esposa não mais retornará a mim, visto que ela se casou com outro homem em uma cidade vizinha. Além disso, alguns moradores da cidade morreram nesse tempo que se passou, levando consigo uma imagem errada a meu respeito. Outros não acreditarão no que ouviram de sua boca. Outros tantos se mudaram daqui, ou seja, nada mais será como era antes.

Aquelas palavras demonstraram para aquela mulher, o peso que existe em nossas palavras. Elas, uma vez proferidas, não voltam mais. Seu coração se entristeceu sobremaneira.

Portanto, fica aqui um conselho a todos e a mim mesmo: sejamos sempre tardios ao falar, sempre aptos a ouvir, e com discernimento para separar o joio do trigo. Devemos ser capazes de julgar todas as coisas e reter apenas as que são boas. Pense duas vezes ao falar algo que poderá trazer estragos enormes na vida de alguém. Isso pode não ter volta, causando dano muito maior do que o previsto por você.

Não comparo a situação vivenciada por mim à história contada. Ela serve para exemplificar apenas, como uma pessoa pode ter seu nome e sua reputação difamados, pelo simples fato de alguém querer falar o que quer, sem ao menos conhecer uma determinada pessoa, ou até mesmo, saber sua versão para os fatos. Isso entristece o coração de qualquer pessoa.

“Como maçãs de ouro, em salvas de prata, assim é a palavra dita a seu tempo.” Provérbios 25:11.

“Maça, espada e flecha aguda é o homem que levanta falso testemunho contra seu próximo.” Provérbios 25:18.

Você me conhece? Não? Acha que sim? Pois bem, vamos lá:

Nome: Leonardo Rocha Pena

Data de Nascimento: 04/02/1974 (35 anos)

Brasileiro, natural de Belo Horizonte.

Portador de TDAH (Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade). Não sabe o que é TDAH? Tenho o maior prazer em lhe explicar. Senão, a internet tem muito a respeito do tema.

Ocupação: Contador. (Estudante do sétimo período de ciências contábeis na PUC MINAS).

Ocupação: Gerente de Departamento Fiscal – Supermercados BH (Desde 2005). Trabalho para o Supermercado desde 2002.

Faculdades cursadas: Direito FUMEC e Direito PUC, Engenharia Metalúrgica na UFMG, Ciências Contábeis PUC.

Vestibulares que passei: Engenharia Mecatrônica, Engenharia Metalúrgica, Administração, Odontologia, Direito (3x), Gastronomia, Ciências Contábeis.

Como bom portador de TDAH que sou, entrei em várias faculdades, mas não tive a motivação e o ânimo suficientes para levá-las adiante.

Q.I.: (quociente de inteligência): 136

Q.E. (quociente emocional): não tão “alto” assim. Uma questão de emoções!!!

Pai de uma filha linda de 3 anos (Isabella)

Hobby: Cozinhar, escrever.

Esportes: Tênis (verdadeira paixão) e xadrez (pra mim é esporte).

Introvertido, tímido, sincero, hiperativo e desatento. Ampla facilidade em lidar com números e com palavras. Atenção dispersa e abrangente, extrema dificuldade com relacionamentos humanos (tanto que tenho poucos). Nada invejoso, nem egoísta. Gosto com facilidade (desde que esse gostar seja merecido), emotivo, impulsivo, ansioso, desorganizado...

Bom, já falei um tanto bom acerca do meu eu. Agora, quer falar de mim? Tanto faz.

Voltando rapidinho no texto que escrevi, o que mais me entristeceu na história não foi a atitude da mulher que caluniou o pastor, mas sim o fato de todos que o admiravam e respeitavam terem acreditado na história dela e terem julgado aquele homem, como se nunca o tivessem conhecido. Isso sim fez a diferença.

Um abraço a todos.

Duas Verdades, dois pontos de vista.

Não é de hoje que costumo dizer às pessoas que, na vida, existem sempre duas (ou mais) verdades. Como exemplo, posso citar o binômio "Duas Verdades", no qual existe uma verdade absoluta e outra relativa. Uma relacionada ao valor que damos às coisas e outra relacionada ao real valor delas. Deixe-me ser mais claro. Você possui um cordão de ouro, que lhe foi dado de presente por alguém muito especial. Nesse momento, você confere ao objeto um valor relativo, intimamente relacionado ao seu sentimento por essa pessoa que lhe presenteou. Provavelmente esse se tornará um objeto de valor inestimável para você. Por outro lado, caso esse cordão de ouro seja levado a uma casa de penhora, lhe será conferido o seu valor segundo seu peso. Ou seja, algo infinitamente menor do que você imagina. Essa é uma situação clara de verdades relacionadas ao valor que damos às coisas.

Outro exemplo que gosto de utilizar, diz respeito ao ponto de vista de cada um. Imagine que você está dentro de um ônibus, sentado ao lado de Marcos, um amigo. Segundo o seu ponto de vista, ao olhar para Marcos, verá alguém parado, imóvel. Agora, imagine um outro amigo seu, Marcelo, que chegou atrasado ao ponto de ônibus e olha, pelo lado de fora, vocês partindo dentro do coletivo. Para Marcelo, todos aqueles que se encontram dentro do ônibus estão em movimento. Temos aqui, claramente, duas pessoas com dois pontos de vistas diferentes, e automaticamente duas verdades distintas relacionadas a eles. Aquele que se encontra no ônibus, se questionado, dirá que Marcos se encontrava, naquele momento, parado. Para Marcelo, não apenas Marcos, mas também você, estavam, naquele momento, em movimento. Então lhe pergunto: qual dessas duas pessoas estava correta? Qual era a verdade a ser aceita? Não são elas contraditórias?

Não são poucas as situações vividas por nós, em que mais de uma verdade deve ser aceita. São diversos os momentos em que mais de um interlocutor está correto. Não existe contradição entre eles. Existem apenas pontos de vistas diferentes. Maneiras peculiares de cada um enxergar a mesma situação.

Volto a frisar aquilo que venho falando nos últimos dias. É necessário ouvir as pessoas. Entender seus pontos de vistas. Não fazermos julgamentos preciptados. Procurar ver que na vida, muitas coisas são relativas, e muitos os pontos de vista. Lembrando sempre que esses são parâmetros extremamente variáveis.

No nosso dia a dia convivemos mais com o que falei, do que imaginamos. Para simplificar bem a coisa, imagine que você não gosta de determinada pessoa do seu trabalho. Por um acaso, algum desavisado lhe procura para saber acerca desse indivíduo. Provavelmente nosso desavisado sairá dessa conversa com uma impressão não muito boa acerca de seu colega de trabalho. Isso tudo, pelo simples fato de uma opinião ter sido emitida, baseada no ponto de vista de um desafeto, ou até mesmo de um desinteressado.

Acho impossível nos livrarmos do que acabo de falar. O ser humano é, em sua essência, assim.

Não muda.

Um abraço a todos.

quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

So this is Christmas

E então é Natal! A festa cristã mais comemorada no mundo. E qual o significado do Natal para você? Será que lembramos ao menos o que é comemorado nesse dia? Provavelmente muitos se lembram, porém apenas quando questionados. Fora isso, comemora-se o feriado, os presentes... Talvez nada mais.

Natal é momento de reflexão. Momento de ponderarmos sobre a pessoa de Cristo e seus ensinamentos. É época de pensarmos no amor ao próximo, no perdão retido. O Natal representa as virtudes maiores que um ser humano possa ter, quer seja humildade, generosidade, gratidão, benevolência, dentre outras.

Natal é a celebração da vida. É a época do ano em que desejamos paz, saúde e prosperidade a todos. Esse é o período do ano em que nosso bolso mais dói, em função de tantos e tantos presentes que necessitamos dar aos nossos pares. Porém, aqui vai uma sugestão de bons presentes a serem compartilhados: um belo sorriso, um abraço fraterno, um carinho de irmão. Esses presentes não nos custam muito mais do que abrir mão de nosso orgulho e do nosso eu.

Enquanto minha pequena Isabella ainda não foi contaminada pela falta de espírito natalino, me divirto muito a seu lado, vendo seus olhos brilhando ao falar do Papai Noel, dos presentes, das festas. São essas pequenas coisas que deveriam nos contagiar durante todo o ano. A pureza de uma criança, a inocência, e principalmente a esperança que mora dentro de seus corações.

Natal é época de alegria, de compartilharmos aquilo que temos de melhor dentro de nossos corações (mesmo que isso seja difícil).

Nessa época do ano, refaça seus planos, planeje mudanças, critique seus caminhos, procure ser diferente. Deixe de lado as mágoas e os ressentimentos. Deixe florescer a semente da esperança em seu coração. E voltando à postagem de ontem, lembre-se, é necessário perder para ganhar! Em algum momento, deixe de lado o seu eu em prol de ganhar a felicidade ao lado daqueles que você ama (e dos que não ama também).

Feliz Natal!

terça-feira, 22 de dezembro de 2009

À Procura da Felicidade.

Ontem à noite passei longas horas, como sempre, aguardando o sono chegar. Cada dia com sua razão, sendo que ontem eu estava acometido de uma tremenda irritação em meu rosto. Foram horas fazendo compressa com água fria para diminuir a sensação terrível que estava com ela. Enquanto o tempo passava, me detive em frente ao televisor para assistir o filme “À Procura da Felicidade”. Confesso que apesar de antigo, não tinha visto o filme em questão. Azar o meu. Após seu término, foram mais algumas horas meditando sobre sua mensagem.

Domingo pela manhã, depois de anos sem entrar na Igreja, assisti a um culto na IBC. O pregador, Pastor Magid, trouxe uma palavra tremenda acerca de “perder para ganhar”. Algo que deveria ser presente na vida de qualquer pessoa, independente de ser cristão ou não. Esse é um dos grandes segredos na vida. Abrir mão do seu eu, em prol do próximo. Perder a sua vida para ganhá-la.

Porque, quem quiser salvar a sua vida, perdê-la-á; mas quem sacrificar a sua vida por amor de mim, salvá-la-á. Pois que aproveita ao homem ganhar o mundo inteiro, se vem a perder-se a si mesmo e se causa a sua própria ruína? - Lucas 9, 23-26

Tantas são as possíveis interpretações para o sentido do filme em si. Todavia a minha se deu na percepção de um pai que diante de todas as dificuldades da vida, procura fazer o seu melhor em prol de seu filho. Ele tem no seu filho a coisa mais preciosa de sua vida e para tanto faz de tudo para tomar conta de Chistopher (filho). Talvez tenha sido o caso de perder para ganhar. O protagonista da trama perde tudo, menos a esperança de ser feliz ao lado de seu filho um dia. Foi necessário perder tudo para enxergar o verdadeiro valor em sua vida.

Muitos se emocionam com o filme, mas verdadeiramente por se imaginar na situação passada por Gardner. Quem de nós supõe agüentar todas as provações passadas por ele enquanto busca uma solução para sua vida? Poucos. Todavia na maioria dos casos a verdadeira felicidade só será encontrada quando tivermos passado por provações suficientes para nos mostrar que nossos esforços de nada são válidos se não temos um propósito verdadeiramente importante em nossas vidas. No caso do filme, o filho era a grande motivação do protagonista. No caso dos cristãos, Cristo os exorta a sacrificar a própria vida por amor a Ele. Vejam que em nada adianta se o foco for a nossa pessoa. Em nada adianta se nos basearmos no egoísmo. Se assim o for, dificilmente alguém alcançará a verdadeira felicidade. O próprio versículo no qual Cristo fala sobre perder para se ganhar, Ele cita que de que adianta ao homem ganhar o mundo inteiro, se por conta disso causa a sua própria ruína (em algumas versões diz: perder a sua alma). Deus nos diz: bem aventurado é aquele que suporta a provação, pois depois de ter passado na prova, receberá o prêmio que o Senhor tem para aqueles que o amam.

Mesmo que você não seja cristão, acredito que o princípio serve para todos. Ter um objetivo maior, que não seja o próprio eu, traz melhores resultados quando buscamos a verdadeira felicidade. Quando abrimos mão do nosso eu, em função do próximo.

Experimente!

Um abraço a todos.

Reflexão.

A maioria das pessoas aprende, com o tempo, a diferença entre dar a mão a alguém e aprisionar uma alma. Aprende que amar não significa amparar-se, que companhia não significa segurança e que estar junto não é bem um contrato de compra e venda, nem tampouco de prestação de serviços.

Durante a vida aprende-se que todas as derrotas devem ser aceitas de cabeça erguida, que devemos aceitar os desgostos do dia a dia, como adultos, e não como crianças. Não existe uma estrada pronta para se seguir. Os caminhos são construídos, trilhados, partindo-se do hoje, visando o futuro, que por sinal é bem incerto, e para muitos a Deus pertence.

Com o tempo, aprende-se que quem brinca com fogo acaba se queimando, e que infelizmente vamos nos importar com pessoas que simplesmente não se importam.

Um dia descobrimos que não faz diferença o quão boa seja determinada pessoa, que não importa o quanto ela te ame e admire, ela vai feri-lo. E você? Você deve perdoar.

A escola da vida vai nos ensinar que as verdadeiras amizades não se perdem pelo caminho. Não precisamos mudar de amigos, basta entendermos e aceitarmos que eles mudam. Basta compreender que nada ou tudo, estando ao lado de quem se gosta, vale muito.

Vamos aprender que desabafar alivia a dor da alma. Vamos sofrer ao descobrir que se levam anos para construir e ganhar a confiança de alguém, e apenas segundos para destruí-la. Em poucos instantes fazemos coisas que nos trazem arrependimento, quem sabe, pelo resto da vida.

Ah, você vai aprender, infelizmente, que as pessoas que amamos, nos são tiradas muito antes do que esperamos. Meu falecido avô é um grande exemplo disso. Portanto, devemos aprender a sempre nos despedirmos de quem amamos com palavras doces, pois talvez tenha sido essa a última vez que a vimos.

Circunstâncias e ambientes nos influenciam, vivemos fazendo comparações entre as pessoas, mas no fundo, cada um é responsável por si mesmo, e se cabe alguma comparação, essa deve ser de nós mesmos, com o melhor que poderíamos ser. E esse ser, leva muito tempo para ser construído, mesmo sendo o tempo para se viver muito curto.

Sabes aonde estas? Sabe pelo menos para onde está indo? Se sua resposta for não, vai acabar descobrindo que lhe falta objetivo e que qualquer lugar lhe serve. Ou você toma as rédeas da sua vida, ou ela vai te levar para qualquer lugar.

Seja flexível, mas sem perder a sua personalidade. Entenda que para se ter paciência, é preciso exercitá-la, e que isso requer paciência... Sonhos não são bobagens, nem sei ao certo quais coisas seriam bobas... mas os sonhos não passam nem perto disso. Eles são feitos para nos motivar.

Se alguém não te ama da maneira como você gostaria, não pense que por isso não existe amor na relação. A forma de demonstrá-lo é que não lhe agrada. Respeito o fato e, quem sabe, procure entender, ou procure esquecer.

Toda moeda tem dois lados. Quais seriam eles mesmos? E a verdade? Teria ela dois lados? Existem duas verdades? Ou apenas uma? Talvez a verdade esteja intrinsecamente ligada ao ponto de vista. Depende de quem vê. E o que lhes disse, é verdade? Não sei. Cabe aqui o seu ponto de vista. É isso que quero que entendas...

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Orgulhoso, eu?

Sim, você! (e eu também). Ah, não se acha orgulhoso? Bem, então vamos lá.

O orgulho é um sentimento que emana de todos nós quando sentimos que nossa dignidade está em jogo. Esse é o lado positivo da palavra, aquele que se relaciona com os brios de um ser humano. Doutra forma, existe sim o lado negativo, e é esse que gostaria de me deter por alguns instantes.

Soberba, arrogância. Uma determinada forma de exaltação própria. Esse é o sentido negativo do orgulho. Prefiro ainda falar acerca de certo “exagero” quanto a valores e princípios de alguém. Sobre o valorizar algo em si próprio, julgando ser isso mais importante do que as outras pessoas.

O orgulho é, possivelmente, uma necessidade de auto-afirmação de uma pessoa. É a obrigação que alguém sente de demonstrar que está certo. Há casos em que mesmo certo, se está errado, e é nesse momento que precisamos refletir.

Ouso a dizer que o orgulho é o inimigo número um do perdão. Não são poucas as vezes em que, mesmo fazendo aquilo que julgamos correto, acabamos ferindo a outra pessoa. Uma resposta “mal dada”, um comentário infeliz, uma surpresa mal sucedida. E é exatamente nessa hora que entra o orgulho. É a falta de capacidade de reconhecer a infelicidade da resposta, do comentário, da surpresa (da reação à surpresa). É a total incapacidade de ser humilde e pedir desculpas, mesmo estando correto (entre aspas).

A situação se torna mais complexa quando a pessoa que se sentiu ofendida, que foi ferida, não aceita as desculpas. Nesse caso, ela prefere romper os laços afetivos, a exercer o perdão. Ela abre mão de fazer uso dos obstáculos da vida para crescer. Na vida, não custa nada ser diferente. Não custa nada abrir mão da amargura e do ressentimento. Vale à pena deixar de lado as picuinhas e não se prender às justificativas que o levam a se sentir injustiçado.

Em uma postagem passada falei acerca do perdão. Volto a frisar: não retenha o perdão. Ao se recusar a perdoar, os grilhões que o aprisionam ficaram contigo indeterminadamente. E não se engane. Diversas outras partes de sua vida serão afetadas pela sua atitude. Imagine que seja tal como uma represa construída, mas que não é capaz de reter todo o fluxo de água. Em um determinado momento, tudo transbordará. E é quase certo que os estragos da inundação serão enormes.

Deixe-os ir. Liberte aqueles que estão presos em seu coração. Caminhe mais uma légua com seus inimigos. E quem sabe mais umas mil com seus amigos. Vale refletir sobre isso.

Um abraço a todos.

"O orgulho é o complemento da ignorância." (Bernard le Bovier de Fontenelle)

"O orgulho divide os homens; a humildade une-os." (Henri Lacordaire)

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Por que não te calas?

Essa foi uma frase célebre dita pelo rei Juan Carlos da Espanha diante de palavras ditas pelo Presidente da Venezuela Hugo Chaves. Agora qual foi o motivo para mandar alguém mandar o outro se calar? Bom, no caso específico, Chaves acabara de chamar o de “fascista” o ex-premier Espanhol, Juan Maria Aznar.

Na essência, acredito que as palavras tenham sido motivadas por alguém que não tem as chamadas “papas na língua”. E ainda mais nesse caso em que um tinha a nítida vontade de falar o que quer e esperava que os outros se calassem diante de suas palavras.

Bom, a “introdução” acima teve o intuito de fazer uma autocrítica. Talvez por ser eu uma pessoa impulsiva e que vive a dizer o que pensa, sem ponderar as possíveis conseqüências de minhas palavras. É claro que não ando a chamar ninguém de fascista, mas certamente já falei muita coisa que leva alguém a se ofender.

Não quero entrar no mérito dos sentimentos, até mesmo pelo fato de já ter me expressado a respeito e, naturalmente, ter ofendido mais um ser humano. Tenho o velho hábito, adquirido de um grande amigo, de dizer que muitas vezes usamos em nossas vidas justificativas que poderiam muito bem passar como sendo reais. Todavia costumo chamá-las de boas desculpas. Algo do tipo: “Ah, essa foi uma boa desculpa, mas qual é mesmo a verdadeira razão em seu coração?” Tais questionamentos levam os demais a querer me dizer: “Por que não te calas?”, tal como o rei da Espanha.

Fico a pensar se devemos nós refletir apenas acerca do nosso próprio umbigo. Será mesmo que essa é a realidade e o compromisso que devemos ter com as pessoas com as quais nos importamos? Não sei. Hora de parar e pensar. Quem sabe não chego à conclusão de que melhor é ficar calado mesmo?

Ou melhor: Por que não me calo?


Um abraço a todos.

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Perdão.

Durante os últimos 16 anos, provavelmente essa seja a palavra que mais me impressionou de maneira positiva. Senão, vamos ao seu significado do dicionário:

Perdão
(origem controversa)
s. m.
1. Remissão de culpa, dívida ou pena. Desculpa.
2. Absolvição, indulto.
3. Benevolência, indulgência.
interj.
4. Fórmula que exprime um pedido de desculpas.

Todas as definições acima exprimem o que é o perdão. Todavia, a que mais gosto, está de fora do dicionário. Seria ela: “deixar livre para fazer novamente”. Esse sim é o melhor significado, na minha opinião, para perdão. É deixar a outra pessoa livre para fazer conosco a mesma coisa. Isso mesmo: novamente o mesmo erro. Imagine que alguém tenha errado com você. Bom, o que podemos esperar dela é um pedido de desculpas. Porém, qual a nossa reação mediante esse pedido? Essa é a resposta: Deixá-la livre para cometer novamente o mesmo erro conosco.

Muitos devem pensar que isso é pedir demais ao nosso “eu” racional. Entretanto lhes digo que é a melhor coisa que devemos fazer. O perdão traz liberdade. Traz refrigério à nossa alma e ao nosso espírito. E não é apenas liberdade para nós. Perdoar é dar, também ao outro, a sua liberdade. É não deixar alguém preso a nós por conta de um erro, de uma “burrada” que seja.

Confesso que não é fácil deixá-los ir. Nossa mente quer manter todos aqueles que “pisaram na bola” presos. Mas, para mim, somos nós que nos tornamos prisioneiros do orgulho. Portanto, se alguém lhe bater em uma face, dê-lhe a outra.

Ou melhor: “Let them go”.

Um abraço a todos.